Direto de Brasília-DF.
Como dissemos no artigo anterior, a Grécia antiga (período que vai do séc. XX até o ano 400 a.C.) não era bem um lugar do qual se pudesse esperar vir tantos legados para o mundo, por ser formada por um povo analfabeto, país montanhoso e terra infértil e rude. Como esperar algo bom de um cenário de aparente fracasso?
A questão é que certas pessoas e certas Nações, que em sua História parecem destinadas ao fracasso às vezes surpreendem.
A história grega pode ser dividida em 4 períodos:
- Pré-Homérico (séculos XX – XII a.C.)
- Homérico (séculos XII – VIII a.C.)
- Arcaico (séculos VIII – VI a.C.)
- Clássico (séculos V – IV a.C.)
A Grécia era um conjunto de cidades independentes e às vezes inimigas umas das outras, de terra seca e não muito fértil, de uma economia baseada em produtos artesanais, agricultura e comércio.
Mas, com todos os seus problemas geopolíticos e sociais os gregos tinham um diferencial em relação às civilizações mais antigas e contemporâneas, eles não obedeciam cegamente a qualquer crença religiosa; não se submetiam a sacerdotes e nem tão pouco se humilhavam diante de qualquer dos deuses de sua mitologia.
Possível crer que esse modo de ser e agir influenciou significativamente o processo de educação e de ensino, que faria com que a Grécia Antiga legasse ao mundo por todos os milênios que ainda viriam, a herança cultural mais rica do Planeta. A herança cultural grega não é apenas a mais rica do Ocidente, mas do Planeta!
Thomas Ransom Giles diz que “Os gregos… em vez de colocarem a razão humana a serviço dos deuses ou dos deuses-monarcas (como acontecia no Egito, Caldéia, Assíria, etc), enalteceram a RAZÃO, como instrumento à serviço do próprio homem”.
Em meu sentir os gregos foram autores do primeiro processo de Iluminismo no Planeta Terra. Afinal, em meio às inúmeras civilizações absolutamente submissas ao misticismo e à religiosidade teocentrista, eles foram a civilização sob a qual se tem informação histórica de haver encarado os deuses com bom humor e não com reverência.
Os gregos cultuavam a si mesmos, ou seja, eram antropocêntricos, declarados em sua forma de pensar, em suas pinturas, em suas esculturas e no teatro ao qual deram tanto valor.
Foram os primeiros na antiguidade a ver o homem como centro do universo, e a razão como o mais importante subproduto da humanidade. Assim fundamentados no racionalismo, os gregos construíram seu processo de educação sob cinco fundamentos:
1 – Respeito pela razão humana;
2 – Observação;
3 – Livre investigação no qual duvidar era mais importante que ter certezas;
4 – Classificação dos objetos e seres vivos; e
5 – Capacidade de expressão escrita e verbal.
O processo educativo e de ensino grego não se apartou da importância da leitura e da escrita. O que fez foi ampliar esses horizontes à partir do racionalismo que passa a ser cultivado com esmero ao longo dos séculos.
Cada um desses itens que enumerei é suficiente para inúmeras redações, dissertações e teses. Imprescindível destacar a importância do filósofo Tales, da cidade de Mileto, que ainda no período Arcaico grego, individualizou e classificou as leis como sendo: divinas, humanas, e naturais.
Desvincular a vida e o funcionamento do homem e do universo da religião, singularizou, secularizou e racionalizou o processo de educação e de ensino na Grécia Antiga e como consequência potencializou o desenvolvimento humano e seus subprodutos como ciência, arte e tecnologias.
Até breve!