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A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO. Episódio de hoje: Símbolos e escrita dentro do processo educativo e de ensino. Você sabe como surgiram? (Parte 2)

Foto do autor: Sacerdote Escriba egípcio, fazendo anotações.

Direto de Brasília-DF.

Prosseguindo com nossa incursão histórica sobre os símbolos, a escrita e sua importância para a História da Educação e do Ensino, julgamos conveniente relembrar que, com a escrita o processo de educação e de ensino se torna formal.

Relembremos, também, que por ser reconhecida como uma “arte divina”, o aprendizado, o domínio e a transmissão da escrita, na antiguidade (5.000 anos atrás), estava totalmente entregue a uma classe de sacerdotes chamada de Escribas.

Esses Sacerdotes Escribas, tornar-se-ião uma casta rica, abaixo somente dos governantes supremos (faraós, imperadores, reis, etc) e teriam em suas mãos o domínio e a primazia para formular e transmitir às novas gerações, os costumes, os hábitos, os valores sociais, as normas que seriam aos poucos escritas em pedras e papiros, para moldar o modo de viver de cada sociedade.

Por isto, quando você viaja e visita civilizações antigas percebe que os primeiros indícios antropológicos(antropologia é a ciência que se dedica ao estudo do homem) de escrita estão mais comumente em paredes de templos e em todos os utensílios utilizados pelas classes sacerdotais, porque os sacerdotes escribas, além de tomarem anotações do que diziam seus  deuses (fossem seus governantes máximos ou entidades “espirituais”) foram os primeiros contadores da Terra. Eram eles que faziam a contabilidade dos bens, grãos, ouro e outros metais preciosos que os templos arrecadavam.

Possível dizer que os Sacerdotes Escribas, além de contadores eram também coletores da riqueza que o povo deveria depositar aos pés de seus deuses. Por isto, atuavam na fiscalização do controle dos períodos de plantio e de colheita, a fim de tributar agricultores, pecuaristas, mineradores e comerciantes em geral. Os sacerdotes escribas egípcios e sumérios, por exemplo, cumulavam a função de “vigários de deus” (aquele que ouve a voz de deus e transmite sua mensagem aos homens) e de administradores dos tesouros do Reino.

No Egito antigo os Faraós doavam terrenos aos Sacerdotes Escribas para coordenarem a construção de templos e a eles delegavam competência/poder para tributar os agricultores.

Havia templo com um sistema tão engenhoso de fiscalizar plantio e colheita, que os Sacerdotes Escribas mandavam construir canais subterrâneos por baixo do Rio Nilo que permitiam aos sacerdotes controlar o nível da água para saber o tempo certo da colheita, ou mesmo se haveria perda destas por conta das cheias do Nilo. Não havia como o agricultor mentir e dizer que perdera sua safra por inundações, por exemplo, porque o nível da água era verificado em compartimentos do próprio templo, com níveis de medidores escalonados na própria parede, como os que vi no Templo de Edfu, em viagem de pesquisa que fiz em 2019 pelo Egito, a fim de colher material para a nova edição do livro “A mulher e sua luta épica contra o machismo”, em que o primeiro dos dez impérios analisados foi o do Egito Antigo.

Portanto, a contabilidade dos dinheiros dos templos e dos objetos a eles pertencentes, originou a feitura dos primeiros “inventários de bens” que a história noticia. Esses inventários estão registrados em tijolos e são modernamente encontrados em várias das inúmeras escavações arqueológicas realizadas no Egito e em lugares diversos da antiga mesopotâmia..

A Escrita tornou possível ao ser humano sistematizar a Educação e o Ensino formal, inicialmente voltado para a formação das novas gerações de Sacerdotes Escribas. É restritivo esse sistema inicial de ensino e possível dizer que teve cunho  religioso, econômico e a político, mas também se pode inegavelmente dizer que independente de tais causas, seu efeito maior foi contribuir com o desenvolvimento das ciências e da história da humanidade. A escrita permite ao homem conhecer o passado e planejar seu futuro.

Aqueles que conseguem enxergar os aspectos históricos na mitologia antropomórfica (o ato de atribuir características humanas a animais que julgavam ser sagrados) e os que leem os grandes livros religiosos (Bíblia, Alcorão, Bhagavad-gita, por exemplo) sabem que os aspectos políticos, na antiguidade, eram quase inseparáveis dos religiosos e econômicos.

O Rei era “ungido” por algum deus mitológico e antropomórfico(mistura de homem e animal) ou monoteísta e esse mesmo Rei cumulava a função de sacerdote. Nele, portanto, estavam congregadas a função divina e política. Por fim, era o responsável por coordenar toda a produção econômica, na função de gestor e governante dos bens da nação.

Considerando os interesses conjuntos entre os governantes e os Sacerdotes Escribas, o sistema de ensino que começa a surgir terá como alvo somente os filhos desses detentores do Poder, aos quais seriam ensinadas as seguintes disciplinas: história, geografia, astronomia e astrologia, direito, poesia e gramática.

O fato inseparável desse momento histórico da Educação e do Ensino é que a Leitura e a Escrita constituíam o alicerce do processo educativo e de ensino e a Obediência seria o meio eficaz pelo qual o conhecimento seria inculcado no aluno. A obediência seria tida como o caminho para o êxito social e econômico do aluno na sociedade.

Será que ler e escrever deixou de ser importante ou será que o ser humano é que deixou de atribuir a importância que tais atos merecem? Quem lê mais e escreve mais leva alguma vantagem sobre quem não o faz ?

 

Até breve!

Sobre o autor

Formado em Direito, Pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad Del Museu Social Argentino, Buenos Aires-AR, em 2012 e Pós-Doutorado em Tradição Civilística e Direito Comparado pela Universidade de Roma Tor Vergata. Professor de Hermenêutica Jurídica e Direito Penal nas Faculdades Integradas do Planalto Central e de Direito Penal, Processo Penal e Administrativo em cursos preparatórios para concursos, por 19 anos, em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre. É Palestrante. Já proferiu palestras na Universidade de Vigo-Espanha e Universidade do Minho, Braga-Portugal, sobre seu livro e, Ciências Sociais "A mulher e sua luta épica contra o machismo". Proferiu palestra na University of Columbia em NYC-US, sobre sua Enciclopédia Corruption in the World, traduzida ao inglês e lançada pela editora AUTHORHOUSE em novembro/2018 nos EUA. É Escritor com mais de 15 livros jurídicos, sociais e literários. Está publicado em 4 idiomas: português, espanhol, inglês e francês. Premiado pelo The International Latino Book Awars-ILBA em 2013 pelo romance de ficção e espionagem “O gestor, o político e o ladrão” e em 2018 mais dois livros: A novela satírica, Sivirino com “I” e o Deus da Pedra do Navio e o livro de autodesenvolvimento “Obstinação – O lema dos que vencem”, com premiação em Los Angeles/EUA. Seu livro de poemas “Rasgos no véu da solidão”, em tradução bilíngue português/francês foi lançado em junho/2018 na França. Eleito em 17/11/2018 para o triênio 2019/2021, Diretor Jurídico do SINDESCRITORES (Sindicato dos Escritores do Distrito Federal), o primeiro e mais antigo Sindicato de Escritores do Brasil.

Judivan J. Vieira
Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney
Escritor/Writer - Awarded/Premiado by ILBA
Palestrante/Speaker/Conferenciante

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