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A História da Educação e do Ensino. Episódio de hoje: O Período Homérico e a pouco falada, mas tão importante cidade de Mileto.

Direto de Brasília-DF.

Como a Grécia era uma “confederação” de cidades-estados, à semelhança do que hoje são os Estados Unidos da América do Norte (uma confederação de estados com autonomias específicas), a educação e ensino variavam de uma para outra cidade.

Processo educativo e de ensino na cidade de Mileto:

Na cidade de Mileto nasceu Tales, um dos filósofos reconhecido como um dos sete sábios do mundo antigo. Mileto era à época situada na região geográfica conhecida como Ásia Menor, onde hoje é a Turquia.

Em Mileto, por volta de 624 a 540 a.C., Tales já estudava e ensinava filosofia, matemática, engenharia e astronomia. Portanto, o processo educacional e de ensino na Grécia antiga e em alguns outros centros de destaque (Caldeia e Egito) seguia não somente a tradição passada de pais a filhos, mas também, um processo de ensino que por mais limitado que fosse preparava alguns cidadãos para a vida social, comercial e econômica da Polis (cidade).

Tales de Mileto foi tão proeminente que vários pensadores fizeram referência a ele, seus métodos e dedicação e a sua  pesquisa científica. Platão, que foi aluno do filósofo Teodoro de Cirene, relatou no livro “A República” que em um bate papo, Sócrates contou a Teodoro um caso em que uma moça zombou bastante de Tales porque este caiu num poço no momento em que atentamente observava estrelas. Os olhos de Tales já naquela época se voltavam para a Astronomia.

Havia na região de Mileto e em toda a Grécia, mitos e lendas sobre Tales. O historiador, ensaísta, filósofo e matemático Lúcio Méstrio Plutarco,  que viveu na última Centúra a.C., foi tão famoso por seu saber que recebeu o título de cidadão honorário na cidade de Delfos, em Atenas e em Roma.

Plutarco, como todo intelectual grego, também era fascinado pela cultura egípcia, razão porque visitou a biblioteca de Alexandria. Mas, uma de suas paixões era estudar Tales, o mestre do Ensino e, ao que parece, também conhecia as histórias sobre a fixação de Tales pela Astronomia, já que Plutarco escreveu que Tales gostava tanto de olhar para o céu que de vez em quando tropeçava e caia em algum buraco ou pela estrada. Algumas pessoas até mesmo o repreendiam e o viam como lunático. Mas, por causa de Tales a cidade de Mileto exportava conhecimento meteorológico para inúmeras outras e, ele próprio fez fortuna com previsões do tempo, já que recebia dinheiro de agricultores que seguiam suas previsões do tempo para o plantio e colheita de azeitonas e para a produção de azeite de oliva.

Tenha certeza que onde há mestres há processo de ensino, porque estes não aprendem para esconder o que sabem mas para difundir e fazer discípulos, alunos, seguidores que hão de perpetuar seu trabalho. Um mestre não sente ciúmes, mas prazer no crescimento e superação de seu aluno ou discípulo. Porventura, não foi isto que tentou à Buda, Zaratustra ou Jesus Cristo?

Assim, por causa do filósofo Tales, a cidade de Mileto tornou-se centro irradiador de conhecimento. Nesta época o conhecimento fluía mais ao ar livre que em prédios escolares. Desse modo possível ver certos professores como “escolas ambulantes” lecionando nas ruas, em praças, em templos, teatros, etc.

Na bíblia, aliás, há um relato que me chamou a atenção sobre haver nas cidades gregas púlpitos erguidos para quem quisesse discursar. Foi num desses púlpitos espalhados pela cidade de Atenas que o apóstolo Paulo discursou aos gregos sobre o “Deus desconhecido” (fato registrado no livro bíblico dos Atos dos Apóstolos 17).

Da cidade de Atenas, Paulo vai à cidade de Corinto aonde também discursa num púlpito em praça pública. Quando estive visitando a região grega do Peloponeso, visitei o suposto local em que Paulo fez seu discurso e, disto, os guias gregos falam com entusiasmo.

Possível inferir que a cidade de Mileto, sobretudo em razão de Tales, era um centro irradiador do ensino, sem esquecer, inclusive, que foi esse proeminente mestre que começou a individualizar, classificar e sistematizar a “mecânica” do funcionamento da vida, ao insistir que nem tudo que ocorria vinha da parte de deuses. Os homens precisavam saber que havia ao menos três leis: a divina, a humana e a natural.

Esse modo de pensar talvez tenha causado a maior revolução do pensar, no mundo antigo…

Até breve e um grande abraço!

Sobre o autor

Formado em Direito, Pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad Del Museu Social Argentino, Buenos Aires-AR, em 2012 e Pós-Doutorado em Tradição Civilística e Direito Comparado pela Universidade de Roma Tor Vergata. Professor de Hermenêutica Jurídica e Direito Penal nas Faculdades Integradas do Planalto Central e de Direito Penal, Processo Penal e Administrativo em cursos preparatórios para concursos, por 19 anos, em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre. É Palestrante. Já proferiu palestras na Universidade de Vigo-Espanha e Universidade do Minho, Braga-Portugal, sobre seu livro e, Ciências Sociais "A mulher e sua luta épica contra o machismo". Proferiu palestra na University of Columbia em NYC-US, sobre sua Enciclopédia Corruption in the World, traduzida ao inglês e lançada pela editora AUTHORHOUSE em novembro/2018 nos EUA. É Escritor com mais de 15 livros jurídicos, sociais e literários. Está publicado em 4 idiomas: português, espanhol, inglês e francês. Premiado pelo The International Latino Book Awars-ILBA em 2013 pelo romance de ficção e espionagem “O gestor, o político e o ladrão” e em 2018 mais dois livros: A novela satírica, Sivirino com “I” e o Deus da Pedra do Navio e o livro de autodesenvolvimento “Obstinação – O lema dos que vencem”, com premiação em Los Angeles/EUA. Seu livro de poemas “Rasgos no véu da solidão”, em tradução bilíngue português/francês foi lançado em junho/2018 na França. Eleito em 17/11/2018 para o triênio 2019/2021, Diretor Jurídico do SINDESCRITORES (Sindicato dos Escritores do Distrito Federal), o primeiro e mais antigo Sindicato de Escritores do Brasil.

Judivan J. Vieira
Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney
Escritor/Writer - Awarded/Premiado by ILBA
Palestrante/Speaker/Conferenciante

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