DR PAULA MEYER

A ESCALADA DA INFLAÇÃO EM 2021 E A DECISÃO EM ELEVAR A TAXA SELIC

Estamos enfrentando o segundo ano de pandemia em decorrência da crise sanitária do COVID-19. Recentemente, a última reunião do Comitê de Política Monetária promoveu a elevação da taxa SELIC. Tal decisão não surpreendeu os analistas de mercado, inclusive a previsão é de que na próxima reunão, que aocorrerá em agosto, tenhamos mais uma elevação de 0,75%. p.p.

Em meio a elevação dos preços das commodities no mercado internacional em dólar (soja, milho, petróleo, arroba do boi), os preços internos “puxados” também pelos segmentos de serviços, industriais e de energia. Para 2021, o Relatório focus prevê inflação medida pelo IPCA de 6,2%, diferentemente da previsão de 2022 cuja projeção é de  3,78%.

A preocupação da aceleração dos preços reside no fato de que não há cenário de pressão de demanda apesar dos sinais de recuperação internacional e interno da economia previstos para esse ano.

Com a recuperação da economia esse ano, as elevações nos preços ocorridas nos bens industriais ficaram mais intensas no 1º semestre de 2021, tendo sido repassados ao valor final dos bens. A pressão também veio dos bens agrícolas cuja variação em 2020 foi de 50% de acordo com o IPA agrícola, o Índice de Preços ao Produtor Amplo. Um outro episódio que preocupa os analistas de mercado, é advento da mudança da bandeira tarifária para o patamar mais alto, Bandeira 2, nível B, cujos efeitos serão refletidos em uma piora da dinâmica da inflação. E por último, o preço dos serviços em 2021 ficou mais salgado. A variação na última década foi de 1,5% contra 3,4% para 2021 e 5,1% para 2022.

Diante desse quadro, a inércia inflacionaria pede uma taxa de juros mais alta. Prevê-se uma taxa anual de 6,5% para 2021 afim de conter o repasse aos preços finais a elevação dos custos – originários na indústria e no serviços. Alguns bancos prevêem uma taxa SELIC de 7% em 2021, essa “puxada” da taxa é esperada com o intuito de conter o avanço da inflação.

Uma vez que as escaladas nos preços são majoritariamente decorrentes de questões estruturais – crise hídrica, diminuição da atividade industrial, aumento das requisiçoes de serviços – enquanto não houver uma expansão no nível de investimentos esse garagalo pode permanecer e ocasionar futuramente mais elevações nos níveis dos preços.

Espera-se que a elevação da taxa de juros básica, a SELIC, possa conter a aceleção da inflação.

Sobre o autor

Paula Meyer Soares

Dentro dessa perspectiva a coluna inaugura mais um espeço para a reflexão no Jornal Pernambuco em Foco acerca dos desafios energéticos e econômicos resultantes das nossas políticas públicas.
Serão abordados temas diversos voltados para área de energia, economia e políticas públicas.
A coluna será semanal abordando os mais variados temas correlatos à essas áreas sob a ótica da economista e professora Paula Meyer Soares autora e especialista em economia, energia e políticas públicas. Doutora (2002) e Mestre (1994) em Economia de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas – EAESP. Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade de Fortaleza (1990). Membro da Sociedade Brasileira de Planejamento Energético (SBPE

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *