A série “DIÁRIO DE BORDO: a educação e o ensino resetados pela pandemia”, chegou ao seu final, ontem.
A educação educa a criança, o adulto, o idoso, o catador de lixo, o médico, o arquiteto, o juiz, o advogado, o arquiteto, o administrador, o economista, etc.
Sem educação, mesmo que uma pessoa possua dezenas de diplomas ela não passa de um burro carregado de letras!
Me chamou a atenção ao consultar o dicionário da Real Academia Espanhola, a expressão “burros cargados de letras”. Reforça a ideia que me acompanha, que somente o Ensino, é pouco se desejamos que uma sociedade evolua em direção a seres humanos desenvolvidos.
Porque uma sociedade que despreza a educação e se concentra somente no ensino é parecida com construções feitas com “drywall”, ou placas de gesso laminado, pois sempre que expostas a tornados não resiste. Pode até ser barato, bonito e simples, mas, certamente vai ruir quando a tempestade chegar.
O modismo de chamar “educadores”, aos profissionais do ensino, esquece que a educação é produto da vida e tem na família seus primeiros agentes. É lá que nasce a criança que será o adulto que vai performar todos os papeis que nossa sociedade pede e exige.
Hoje, para falar de família é necessário ouvir bons advogados de Família e Sucessões, e se atualizar. Não dá mais para falar de papai e mamãe, crendo que esse modelo tradicional delimita plenamente o conceito moderno de “família”. Esse tempo passou e não respeita mais saudosismos. Eis, em pequeno resumo, os quatro novos modelos de família:
1 – modelo anaparental ou pluriparental: quando não há pai nem mãe, são famílias sócio-afetivas(membros ligados pelo afeto, ajuda mútua-fora da família, com ou sem inclusão na certidão de nascimento – avós, tios, amigos cuidam)
2 – modelo multiparental ou socioafetivo: é a família socioafetiva composta por 2 pais, 2 mães e com registro na certidão de nascimento(ex: padrasto, madrasta, homossexuais com relação conjugal, ou terceiro com duas mães ou dois pais) sem relação conjugal, mas com reconhecimento cartorial ou judicial na certidão de nascimento;
3 – modelo monoparental: família composta por um só pai ou mãe(com filho adotivo ou biológico. Por exemplo, O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística cita as mães solteiras que cuidam sozinhas do filho seja pelo pai haver abandonado, seja porque não reconhece a paternidade);
4 – modelo unipessoal: neste modelo de uma só pessoa, é você e você. É a família formada por uma única pessoa. O foco não é mais o responsável, mas o indivíduo que está sozinha na vida e deve se ver como sua própria família. Parece uma obra de ficção, mas ajuda a curar traumas.
Nessa caminhada, os pais e responsáveis são, ou ao menos deveriam ser, os agentes principais do processo de educação que no Brasil e na sociedade latino-americana dura muito mais que na norte-americana, já que por lá quando o filho termina o ensino médio, culturalmente ele é quase que “expulso da casa”, de modo a assumir suas responsabilidades de adulto, enquanto no resto do mundo os pais querem fazer um “puxadinho”, uma “casinha de fundos” para que os filhos casem e morem com todos no mesmo cortiço.
É a educação que educa o médico. Aliás, o médico, o juiz, advogado, o procurador, o arquiteto, administradores, jornalistas, pois todo e qualquer profissional com diplomas e mesmo com muito conhecimento, mas sem educação, não passa de um burro carregado de letras.
A educação vem da própria NATUREZA, do relacionamento do ser humano com outros seres humanos e com os reinos, vegetal, mineral e animal.
A educação está no vento que sopra o aviso que a chuva fina ou a tempestade está por chegar. Está no olhar de gratidão ou fúria por trás das máscaras que usamos; a educação está tão além do ensino escolar, de colégios, faculdades e universidades, que há pessoas analfabetas que são mais educadas que Presidentes de Repúblicas, pois ha’presidentes, governadores e prefeitos, senadores, deputados e vereadores sem educação que, claramente, não passam de burros carregados de letras.
A educação precisa ser vista como a principiologia da vida. Um ser humano educado traz consigo princípios éticos, ou seja, o amor pela justiça e o ódio pela injustiça, amor pelo honesto e ódio pelo desonesto.
Faz pouco tempo, a imprensa brasileira noticiava que o PCC – Primeiro Comando da Capital, e o CV – Comando Vermelho, duas das muitas organizações criminosas que existem como um Estado Paralelo no Brasil, estavam pagando os estudos de seus “soldados”, inclusive cursinhos preparatórios para concursos, para que seus membros se formem advogados, servidores públicos, procuradores, juízes e ministros dos tribunais superiores, tudo a fim de servir ao crime.
Essas pessoas podem absorver conhecimento e serem todas muito bem ensinadas, mas que educação possuem?
Quando idealizei a série DIÁRIO DE BORDO pretendi seguir a trilha na qual venho demostrando que a educação é poderosa para transformar o ser humano, e que o ensino é uma ferramenta, um subproduto da educação, que pode transformar científica e tecnologicamente o mundo, para que alguns vivam excelentemente bem, outros vivam bem, e para que os demais tenham, ao menos, a dignidade social tão prometida pelas Constituições Republicanas.
Os diários de bordo, publicados até ontem, são retratos de um cotidiano real, ao qual governantes, sociedade e famílias têm dado pouca importância. Amanhã, no tribunal da vida, podem vir a ser a prova que tivemos todas as oportunidades para sermos melhores, e ainda assim optamos deliberadamente por fracassar, já que esperar resultados diferentes fazendo-se sempre a mesma coisa, é insano!
Obrigado por haver acompanhado a série. Um abraço a todos.