A desconstrução dos rígidos padrões de beleza do mundo da moda e o início de minha carreira como modelo profissional.

Indiscutível que o mundo sempre tratou e ainda trata as pessoas que se adequam a um padrão de beleza preestabelecido pela nossa sociedade com mais generosidade e simpatia. Vemos que a elas sempre foram reservados fama, dinheiro e poder.

Evidente que não se está aqui a discutir que cuidar do corpo, do rosto e dos cabelos faz parte de uma rotina diária necessária não mais de beleza como alguns acreditavam e defendiam a algum tempo atrás, mas sim de bem estar e saúde.

Entretanto, seguir os rígidos padrões de beleza impostos pela indústria da moda realmente não é tarefa fácil. Ocorre que estamos vivendo um novo momento nesse segmento que atualmente procura por pessoas com aparência real que se assemelham a pessoas de verdade do cotidiano como eu e você.

Especialistas chamam a isso de desconstrução dos padrões de beleza movimento internacional que atualmente se impõe no mundo da moda e que tem por finalidade vestir todas as pessoas e transpor fronteiras de gênero, forma física e idade.

E devido a esse novo momento da moda acabo de ingressar no competitivo mundo das modelos profissionais. Tudo aconteceu de um jeito meio inesperado por meio de um convite feito através do meu Direct no Instagram para ser embaixadora de uma marca internacional de óculos. No momento que visualizei o convite mil coisas passaram pela minha mente, mas a que levei adiante foi a de procurar uma agência de modelos que me representasse, pois me pareceu que outras oportunidades poderiam surgir a partir desse convite.

Naquele momento tentei entrar em contato com um agência de modelos aqui do Centro-Oeste, mas não obtive sucesso porque o telefone sempre estava ocupado. Diante dessa dificuldade busquei no Google por informações de uma outra agência aqui em Goiânia, capital do Estado de Goiás, e eis que surgiu a informação de que a Agência Vogue, uma grande agência do eixo Rio-São Paulo, e que possui em seu portfólio empresas grandes e importantes, estava em um hotel da cidade em busca de novos modelos para atualizar o seu casting.

Entrei em contato com a equipe da Agência Vogue e posteriormente recebi um telefonema de uma pessoa da agência em São Paulo me pedido que fosse fazer uma entrevista no hotel onde eles estavam. Na entrevista a gerente da agência me perguntou se eu sabia cantar e gravar vídeos. Eu disse que sim pois canto desde criança, tendo inclusive ganhado um concurso para cantores mirins aos cinco anos de idade, e que tinha feito mentoria em comunicação para gravar vídeos com uma famosa jornalista que trabalha na cidade. Em seguida ela me pediu que cantasse uma música para saber o meu timbre o que atendi prontamente.

Posteriormente, me disse que geralmente a agência fazia contrato de 01 (ano), mas que no meu caso ela gostaria de fazer um contrato de 02 (dois) anos e meio porque acreditava que eu seria muito bem aproveitada pela agência em diversos trabalhos. Concordei com o contrato desde que fosse sem exclusividade, pois sou o rosto da minha marca de cosméticos e com exclusividade não poderia fazer a divulgação. Ela concordou com a forma da contratação.

Nesse dia passei o dia fotografando e apesar de ficar extremamente cansada, no dia e no dia seguinte, um sábado, confesso que adorei. Já tinha feito alguns trabalhos para minha marca e por isso já estava habituada com o troca-troca de roupas, sapatos e maquiagem, mas os fotógrafos, maquiadores e a produção da agência foram extremamente simpáticos e atenciosos e peças fundamentais para amenizar todo o estresse e corre-corre do momento.

Adoro tirar fotos! Cresço demais diante das câmeras e não raras vezes muitos me dizem que não sou o “mulherão” retratado nelas. Dá para acreditar nisso! Mas confesso que nunca tinha me visto fazendo parte do casting de uma agência de modelos. O dito padrão de beleza de que lhes falei no início deste artigo me levou para outras atividades no decorrer da minha vida profissional.

Desabafo à parte, o trabalho de modelo realmente é muito sério e exige muita dedicação e concentração, pois ser fotografada exige muito mais que caras e bocas exige que a modelo comunique-se com a lente e transmita sentimentos. Além disso, exige cuidados redobrados com a alimentação, sono, pele, cabelos etc.

Passado o episódio com a Agência Vogue eis que no domingo à tarde um olheiro da Agência Dílson Stein, simplesmente o maior descobridor de modelos, inclusive, das três maiores do nosso país, Alessandra Ambrósio, Carol Trentini e Gisele Bündchen, também por meio do Instagram me procura querendo me agenciar.

Confesso que fiquei um pouco apreensiva com toda a história porque quando as oportunidades são muitas geram um pouco de apreensão e medo. Mas passado o impacto inicial vou analisar essa possibilidade também.

Diante desses novos e inusitados fatos escrevo pela última vez para me despedir e agradecer a oportunidade que me foi dada por toda equipe deste jornal e pelos leitore(a)s, haja vista que não conseguirei conciliar a nova vida com a coluna que aqui mantenho há alguns meses.

Aproveito para lhes dizer que tudo é possível e que não se fechem jamais para as oportunidades que surgirem ou melhor não parem de procura-las e fazê-las acontecerem porque como disse certa vez o apresentador Sílvio Santos, hoje com 90 (noventa) anos, lúcido e trabalhando, “ama hoje, perdoa hoje, beija hoje, abraça hoje … faz tudo hoje, não deixe para amanhã. Porque somos instantes e num instante não somos nada”.

Referências

DISCACIATTI, Isabela. Beleza é poder. Disponível em: https://unsatisfashion.fashion-for-future.com/unsatisfashion4#page=5 Acesso em 14 de agosto de 2021

Revista Exame. Para abandonar machismo, Victoria’s Secret desiste das famosas “angels” Disponível em: https://exame.com/negocios/victorias-secret-poe-fim-as-angels/ Acesso em 14 de agosto de 2021