“Coração de Pedra”, de Carol Monteiro, e “Com Olhos de Náufrago ou Onde fica o Próximo Porto”, de Alice Vinagre, convergem olhares femininos e nordestinos sobre a arte. Mostras ficam em cartaz até os dias 15 de janeiro e 24 de fevereiro, respectivamente. O acesso a ambas é gratuito
O fim de ano será fêmea no Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (MAMAM), equipamento gerido pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife. E, de tão urgente que o feminino é, ele entrará em cartaz em dobro. Na próxima quinta-feira (6), estreiam no MAMAM duas exposições assinadas por mulheres nordestinas, de talento, originalidade e fibra.
Até 15 de janeiro, a designer e figurinista pernambucana Carol Monteiro expõe seu “Coração de Pedra”, revelando uma rica zona de intersecção entre arte e moda, numa produção inspirada na paisagem dos sertões nordestinos. Improvável convite à sensação de naufrágio, a exposição “Com Olhos de Náufrago ou Onde fica o Próximo Porto”, da paraibana radicada em Pernambuco Alice Vinagre, vai ancorar na terra firme do MAMAM até 24 de fevereiro.
Em sua 14ª exposição individual, Alice vai apresentar pinturas de diferentes fases, técnicas e formatos, além de três fotografias, duas instalações e um vídeo espalhados nos três andares do MAMAM, que vai funcionar como um navio afundado, servindo de plataforma para a experiência de um naufrágio. A mostra navega pelas águas ora turvas ora calmas da obra de Alice, atravessando fases, investigações e técnicas que nortearam sua produção, da década de 1980 em diante.
Para a artista, que evoca as ideias da monja budista Pema Chödrön, a imagem do barco no mar revolto aponta para a jornada espiritual, o risco da busca pelas terras desconhecidas. A água e suas nuances de temperatura, agitação, profundidade e humores são exploradas pelas pinceladas e sobreposições de Alice em todos os seus azuis. A quietude e o tumulto, o vulcão, a figura feminina, são elementos que fazem parte do arsenal imagético da artista, e aqui se alternam como formas possíveis de navegar, naufragar e emergir, quiçá, mais sábio.
Já a mostra de Carol Monteiro está ancorada numa preocupação com a sustentabilidade. A artista utiliza materiais diversos em seu processo criativo, desde pedras de diferentes tipos e formatos, encontradas na paisagem sertaneja, a fragmentos de ossos de animais e itens garimpados de sucata, que foram reutilizados para compor cada um dos trabalhos.
Caçula de uma família de oito filhos, a artista conta que aprendeu desde cedo a não desperdiçar e a prolongar a vida dos objetos. As lembranças da infância em Sertânia, no sertão pernambucano, são povoadas pelas imagens das feiras, das rendas de Renascença e do design preciso e orgânico dos utensílios de barro.
O mergulho na pesquisa a conduziu de volta às paisagens da infância em uma jornada de entrega e de redescoberta. “Conheci o sertão pelo olhar da minha mãe, sertaneja, que tinha a delicadeza de chamar minha atenção para a beleza de um aboio e, ao mesmo tempo, para a dureza da vida da gente daquele lugar”, lembra Carol.
Reconstruindo paisagens afetivas, a artista cria uma poética de originalidade e força na busca por uma estética peculiar, que faz referência às origens da própria artista.
O acesso ao MAMAM é gratuito e o museu abre de terça a sexta, das 12h às 18h, e sábado e domingo, das 13h às 17h. A abertura das duas exposições será às 19h desta quinta.
SERVIÇO
Exposições “Coração de Pedra” e “Com Olhos de Náufrago ou Onde fica o Próximo Porto”
Abertura: 6 de dezembro (quinta-feira)
Visitação de “Coração de Pedra”: 7 de dezembro a 15 de janeiro
Visitação de “Com Olhos de Náufrago ou Onde fica o Próximo Porto”: 7 de dezembro a 24 de fevereiro
Horário: Das 12h às 18h, de terça a sexta, e das 13h às 17h, aos sábados e domingos
Local: Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (MAMAM), na Rua da Aurora, 265, Boa Vista
As exposições são gratuitas e abertas ao público
GABINETE DE IMPRENSA