Direto de Brasília, DF
A série “Histórias de quem não desiste” vai chegando ao seu fim. Esta é a penúltima das entrevistas com pessoas cuja história de vida é capaz de inspirar e transformar vidas, de quem se disponha a racionalizar o preço que o êxito exige de quem o deseja.
Tive o privilégio de conhecer o escritor norte-rio-grandense Roberto da Silva em 2014, por intermédio da escritora e jornalista francesa, Maggy De Coster, que também é minha tradutora na França. Ela nos apresentou no período em que veio ao Brasil para um encontro de escritoras latino americanas, em Brasília.
Desde então trocamos algumas impressões de vida e cultivamos amizade. É uma dádiva conhecer alguns de seus livros e ter lido e relido o mais recente, Jean Mermoz, a incrível história do piloto francês que realizou as duas travessias pioneiras sobre o Atlântico em direção à América do Sul. O primeiro voo em 1930, fez sob olhares de uma Europa desconfiada de tal possibilidade, pilotando um hidroavião, e a segunda vez em 1933, transportando correspondências da Europa para a América do Sul.
Roberto da Silva é um daqueles escritores cujo legado é uma substancial contribuição para a História. Por isto quis tanto trazê-lo em entrevista nesta série e sou grato porque haver aceitado prontamente participar, mesmo neste momento de tanta ocupação em que foi encarregado de traduzir seu próprio livro “Jean Mermoz” para ser lançado ao mundo francófono.
Senhoras e senhores, com vocês o escritor Roberto da Silva:
Judivan Vieira: Fale um pouco sobre você.
Roberto da Silva: Nasci no Arisco, no município de Pedro Velho, no litoral sul do Rio Grande do Norte. Provenho de uma família de pequenos proprietários rurais, com glebas suficientes para a criação de galináceos, gado, o cultivo de árvores frutíferas e de lavouras. Os produtos destas eram quase unicamente para nossa própria subsistência. Em anos de boas colheitas podia-se vender uma parte do que se produzia. Vendiam-se também cocos e castanhas de caju. O leite das vacas era para o fabrico artesanal de manteiga, queijo e para o consumo diário. Não me lembro de meu pai vender nenhum desses produtos. Lembro-me, sim, de algumas mães indo muito cedo ao curral, na hora da ordenha, com suas vasilhas que meu pai enchia de leite para as crianças delas. Algumas reses eram vendidas em momentos de maior aperto financeiro. Em ocasiões muito especiais, como festas de fim de ano, juninas e aniversários, abatia-se uma rês, bovina, caprina ou suína e a carne era consumida pela família e visitas. Sou, portanto, de família pobre, possuindo o suficiente para viver sem luxos, mas com dignidade e relativo conforto. Até meus 15 anos de idade, quando faleceu nosso pai, João Jerônimo da Silva, de origem paraibana pelo lado paterno, vivemos no meio rural e nos alimentávamos quase exclusivamente do que produzíamos. Aquela foi uma fase muito feliz em nossas vidas e da qual tenho muita saudade. Vivíamos em uma ampla casa na parte mais alta da propriedade. Ali, bifurcavam-se duas estradas e sempre parava algum conhecido, que passava a pé ou a cavalo, tomava um copo de água, um café, comia um prato de coalhada, frutas da estação enquanto conversava com meu pai, que era um grande causeur. Todos nos conhecíamos e as casas estavam sempre de portas e janelas abertas. Cresci em contato com a natureza, tomando banho em rios e lagoas, montando em cavalos, cheguei até a tanger rebanhos dentro de matas, ouvindo o canto dos pássaros e sons emitidos por bichos e insetos. Éramos uma grande família. Meu irmão, já falecido, era mais velho do que eu treze anos e depois de ter cumprido o serviço militar obrigatório não voltou a morar conosco. Tenho nove irmãs, três delas mais jovens do que eu.
JV: Fale-nos sobre sua formação acadêmica e as dificuldades que encontrou para realizar os objetivos e metas que o tornam quem é.
RS: As crianças da zona rural, em meados dos anos 60 do século passado, não dispunham de transporte que as levassem para a cidade, onde havia escolas. Então, iniciávamos o aprendizado das primeiras letras com pessoas da família, entre as quais a prima Conceição (Nininha). Tive duas ou três professoras leigas nesse início de aprendizado. Quando adquiríamos suficiente capacidade física para vencer, a pé, sob sol ou chuva, quilômetros de distância para ir à cidade, à “rua”, como dizíamos, ingressávamos no 1º ano primário. Não tínhamos maternal, jardim de infância. Mas, ao iniciarmos as aulas no grupo escolar, já sabíamos ler e escrever palavras mais fáceis e fazer operações matemáticas elementares. Estudei todo o primário e quase um ano e meio do ginasial morando na zona rural. Todas as crianças de lá passavam por essas dificuldades. E havia crianças que percorriam distâncias maiores do que aquelas por mim percorridas, tendo, inclusive, de atravessar rios e trechos de matas. Em épocas de enchentes perdíamos aulas por não haver ponte sobre o rio Curimataú, que passa ao lado de Pedro Velho. Em algumas ocasiões, improvisavam-se precárias embarcações, nas quais arriscávamos a vida em uma perigosa travessia. O primeiro ano e alguns meses do ginasial eu estudei em condições ainda mais difíceis. Eu tinha de me deslocar para Canguaretama, cerca de quatorze quilômetros distante de Pedro Velho. Para lá, íamos, a maioria adolescentes, em um caminhão coberto de lona, com tábuas ao modo de bancos, insuficientes para todos os passageiros. As estradas eram de terra, muito esburacadas. No verão, tornavam-se muito empoeiradas e durante o período chuvoso, enlameadas. Na entrada de Canguaretama, uma rua conhecida como Lagoa de São João tornava-se um verdadeiro lamaçal quando chovia. Durante nossa passagem, moleques atiravam lama contra nosso transporte e não raro chegávamos ao Ginásio 16 de Julho com nossa roupa suja. Chegou-se ao cúmulo de ser necessário, em certa noite, sermos escoltados pelo prefeito do município, que apelou a esses meninos que não nos jogassem lama. O caminhão que nos transportava logo recebeu de algum galhofeiro o nome de Boi-de-lona e todos o adotamos. Quando as aulas terminavam, às 22 horas, retornávamos. Como ao chegar a Pedro Velho eu não poderia voltar para o Arisco, em razão do adiantado da hora, pernoitava na cidade, em casa de uma família amiga. Na manhã seguinte, logo cedo, retornava para casa. Em 1971 perdemos nosso pai. No ano seguinte, minha mãe, Maria Alzira, decidiu morar em Canguaretama. Ali morei até 1974, quando concluí o ginasial. Em 1975, passei a morar em Natal para prosseguir meus estudos. Fui acolhido por meu irmão Gilberto e sua mulher, Teresinha, em cuja casa morei cinco anos. Eu já estava cursando Letras na UFRN quando, em 1980, minha mãe e minhas três irmãs mais jovens, vieram morar em Natal.
JV: As pessoas tendem a olhar para quem colhe êxitos sem refletir sobre a longa história de construção da vida pessoal e profissional. Qual foi o processo de construção para se tornar o Professor e escritor que hoje é?
RS: Recebi de meus pais os primeiros estímulos para estudar. Aliás, meu pai conhecia um bom repertório de literatura oral. Embora semianalfabeto, a ele devo meu gosto por literatura, em razão das estórias que nos contava, contos tradicionais e algumas pequenas narrativas engraçadas ou tristes, criadas por ele mesmo. Posteriormente, o estímulo de irmãs, principalmente da mais velha, Elione, que muito me apoiou, de meu irmão Gilberto, e de amigos foi fundamental.
Eu, ou por ingenuidade ou por ter um coração puro, não percebi certas situações que poderiam me ter ceifado o entusiasmo pelos estudos. Somente muitos anos depois, e isso foi positivo, vim a perceber alguns sentimentos de professoras que tive no curso primário. Não é fácil falar sobre isso e nem sei se serei compreendido. As crianças da zona rural, do “mato”, como nos designavam, eram discriminadas pelos colegas da “rua” e até pelas professoras. Não se falava em bullying na época. Mas eu o sofri e muito. Nenhum colega se tornou meu amigo, à exceção de Selma Delgado, minha mais antiga amiga. Creio que nem colegas nem professoras achavam que tínhamos o direito de estudar e progredir. Fui um aluno estudioso, aplicado, bem-comportado. Não sei se minhas notas eram as melhores, mas sempre obtive ótimos resultados. Minha letra, comparada à de meus colegas de ambos os sexos, era a mais, digamos, legível. Eu sabia escrever bem as composições, como eram denominadas as redações, e os ditados. Um dia, durante o recreio, permaneci na sala de aula. As paredes eram largas o suficiente para uma criança de meu tamanho sentar à janela. A linha férrea era em frente à escola e logo o trem chegaria à estação, localizada um pouco mais adiante. Atento à espera da passagem do trem, ouço alguém perguntar quem era “o filho de Seu João Jerônimo”. Estremeci, pensando que iria ser repreendido por estar ali. Volto-me e vejo um séquito tendo à frente a diretora, seguida por professoras, secretária da escola e serventes. Olharam-me como se vissem algum animal exótico e voltaram sem nada me dizer. Depois, eu soube que elas desejavam identificar o autor de uma composição que as impressionara por ser bem redigida. Eu tinha colegas filhos de professoras e da diretora da escola. Eles jamais alcançaram resultados iguais aos meus. Isso deveria ser intolerável para essas pessoas. Cerca de uns vinte e cinco anos depois de eu ter saído dessa escola, aconteceu um episódio intrigante: fui visitar um casal que trabalhava como caseiros no sítio de uma de minhas irmãs, em Pedro Velho. Eles me disseram que um sujeito, que fora meu colega no primário e no ginasial, irmão de uma professora primária de quem felizmente não fui aluno, retirara-se pouco antes de minha chegada, sob a alegação de que me odiava. O casal ficou estupefato com aquela revelação. Ora, eu nunca tive nem amizade nem inimizade com aquele tipo. Também fiquei surpreso. Somente encontro uma explicação para o sentimento desse indivíduo: suja inveja. Como aluno, ele sempre obteve resultados abaixo do medíocre. Jamais teve projeção.
Em datas festivas, sobretudo cívicas, a tarefa de declamar um poema, fazer um breve discurso sempre me era atribuída. Não me perguntavam se eu aceitava. Isso era imposto e eu submissamente cumpria a ordem. Ainda me lembro de um longo poema de Menotti del Picchia que tive de decorar para declamar em um 7 de setembro. Depois, nenhum elogio, nenhuma palavra de agradecimento. Mas, talvez a maior prova desse desejo de que o “menino do mato” permanecesse lá, que fosse viver como os demais no árduo trabalho da roça, aconteceu quando concluí o primário. Em Pedro Velho não havia o curso ginasial. Meus pais não tinham informações sobre certos assuntos porque eram raras suas amizades na cidade. Assim, por não ter meios de pagar uma hospedagem e me sustentarem em Natal, nem haver lá parentes ou amigos que pudessem hospedar um pré-adolescente, passei todo um ano sem estudar. Eu enviava, quase diariamente, um bilhetinho para a diretora do grupo escolar, que tinha sido minha professora, pedindo o empréstimo de livros de uma pequena biblioteca da escola. Ela sabia, pois, que eu não estava estudando. Jamais ela ou outra professora alertou meus pais de que na cidade vizinha havia um curso ginasial e que alguns estudantes de Pedro Velho para lá se deslocavam, à noite, em uma camionete da prefeitura. Até que um amigo de meu pai nos deu a informação e me incentivou a fazer o exame de admissão. Devo consignar o nome desse cidadão generoso a quem somos muito agradecidos: Antônio Freire, natural de Jundiá, então distrito de Goianinha. Ele era subtenente da Polícia Militar e exercia o cargo de delegado de Polícia em Pedro Velho. Em Canguaretama, cheguei a dar aulas de reforço a crianças de nossa vizinhança. Isso me rendia uns caraminguás que se somavam aos obtidos com a produção agrícola de nossa propriedade. Esta somente foi vendida anos depois do falecimento de minha mãe. Três de nossas irmãs mais velhas, Lenilde e Marivone morando no Rio e Elione em Natal, trabalhavam e nos ajudavam financeiramente. Em Canguaretama, não sofremos nenhum tipo de discriminação e fizemos ótimas amizades. Ali, tive o apoio espontâneo de um empresário, Sr. Juarez Rabello. Por intermédio de uma pessoa, que até hoje não consegui identificar, ele soube que eu era um adolescente estudioso, que enfrentávamos dificuldades financeiras. Convidou-me para trabalhar no escritório de sua indústria salineira. Ora, lá meu serviço era absolutamente dispensável. Ele tinha um competente funcionário que dava conta de todo o serviço. Então, aquele emprego era uma forma de ele me apoiar. Meu salário ajudava a pagar as despesas de casa. Permaneci nesse trabalho em Natal, onde o Sr. Juarez Rabello ia semanalmente resolver problemas relacionados à sua empresa. Somente quando, por concurso, ingressei na Empresa Brasileira dos Correios e Telégrafos, em 1976, pouco antes de completar 20 anos de idade, ele dispensou meus serviços. Seu Juarez ficou feliz por esse avanço, pois era um homem muito sensível e apoiou muitas pessoas, além de mim. Tenho-lhe uma gratidão imperecível.
Na ECT, enquanto eu ainda cursava o científico, correspondente ao atual ensino médio, eu trabalhava durante o dia e estudava à noite. Quando ingressei na UFRN, em 1978, minhas aulas eram pela manhã. Assim, meu expediente na ECT se iniciava às 12 horas, havia um intervalo de duas horas, e somente concluíamos o expediente às 22 horas.
Ainda quando eu era ginasiano em Canguaretama, iniciei contatos com escritores de minha admiração, a começar por Luís da Câmara Cascudo, Manoel Rodrigues de Melo, em Natal, e Jorge Amado. Depois, fui ampliando os contatos pelo Brasil e até no Exterior. Era uma alegria incomensurável receber cartas e livros com dedicatórias afetuosas desses intelectuais, sensíveis ao desejo de um jovem desconhecido sedento de saber e de compreender, de uma remota cidade do interior nordestino. A atenção deles era um estímulo imenso. Quando fui ao Rio, pela primeira vez, aos 20 anos de idade, conheci pessoalmente alguns daqueles que me haviam correspondido à curiosidade intelectual: Carolina Nabuco, Octavio de Faria, Josué Montello, Manuel Diégues Júnior, Américo Jacobina Lacombe, Pedro Calmon, Haroldo Valladão, Joaquim Inojosa e Peregrino Júnior. Posteriormente, conheci outros com quem estabelecera contatos epistolares: João Felício dos Santos, Rachel Jardim, Ascendino Leite, Rosalina Rodrigues De Vincenzi, Plínio Doyle e, na casa deste, no famoso sabadoyle, inúmeros outros de quem recebera cartas e livros.
Ainda quando eu era estudante de graduação, iniciei uma correspondência com o escritor, jurista e acadêmico João Lyra Filho, paraibano, ministro do Tribunal de Contas do antigo Estado da Guanabara, reitor da antiga UEG, atual UERJ. Tornamo-nos amigos e como ele mesmo dizia, tinha por mim um afeto avoengo. Ele foi, ao lado de Antônio Freire e Juarez Rabello, um apoio fundamental em minha formação e em minhas conquistas. Dele e de sua mulher, D. Maria Isabel de La Rocque Lyra Tavares, mereci uma amizade verdadeira que durou até o fim de suas vidas, ele em 1988 e ela, às vésperas de completar 101 anos de idade, em 2015. Fui seu hóspede na cidade serrana de Petrópolis durante seis veraneios. Filho de um Senador da República Velha, sobrinho do historiador e estadista Ministro Augusto Tavares de Lyra, irmão de três ministros de Estado e ele mesmo tendo ocupado cargos da maior relevância, as conversas do Professor João Lyra Filho eram verdadeiras aulas de História, das quais guardo muitas lições.
Concluída a graduação em Letras, já então lecionando, pois me exonerei da ECT em meados de 1980, fiz alguns cursos de especializações na UFRN, em Natal, e mestrado em Letras na UFPB, em João Pessoa. Fui orientando da Professora Sônia van Dijck. Dela e do Professor João Lyra Filho recebi acentuada influência como pesquisador. Tornamo-nos grandes amigos e sinto muito sua falta, tendo ela falecido em 2018.
JV: Você é autor de quantos livros? Existe dentre eles um que goste mais ou cuja história tenha algum significado especial para você?
RS: Meu primeiro livro, Ruídos na cristaleira: cheiros e vozes do tempo – Uma análise do transitório em Rachel Jardim, publicado em 1996, é minha dissertação de mestrado. Seguiram-se Jasmins do Sobradinho (2000), Luís, toujours lui – Cartas de Câmara Cascudo a Bernard Alléguède (2002), Flama serena – Cartas de Luís da Câmara Cascudo a João Lyra Filho (2005), Consagração e glória – Cartas a João Lyra Filho (2006), Jean Mermoz (2020). Sou co-autor do Dicionário literário da Paraíba (1994) sob a coordenação de Idelette Muzart-Fonseca dos Santos e de Os franceses no Rio Grande do Norte, 2ª edição, co-autoria de Bernard Alléguède (2005).
Não tenho preferência por nenhum de meus livros porque todos têm para mim um significado especial.
JV: Além de sua obstinação pessoal para vencer há alguma pessoa ou pessoas que te inspiraram para perseguir a realização de seus objetivos e metas?
RS: Inicialmente meus pais e depois aqueles amigos citados anteriormente, incluindo Sônia van Dijck.
JV: Qual foi o período mais difícil em seu processo de construção até chegar a ser a pessoa de êxito que hoje é? Alguma vez pensou em desistir?
RS: Sem dúvida durante os primeiros passos na escalada, morando ainda na zona rural. Nunca pensei em desistir.
JV: Para você, que importância o planejamento com estabelecimento de objetivos e metas tem na vida de quem deseja colher êxitos pessoais, acadêmicos e profissionais?
RS: Creio que sem essas etapas o risco de cometer erros e de fracassar pode ser maior.
JV: O que o manteve firme no cumprimento dos objetivos e metas e o impediu de se render diante das adversidades da vida?
RS: A certeza de que eu não poderia esperar por ninguém que o fizesse por mim e o dever e o desejo de ajudar minha família.
JV: Como é sua relação com a França e o que mais gosta naquela cultura?
RS: Na verdade, minha relação com a França é cultural, especialmente por sua literatura, a clássica. Não conheço o que produzem os autores hodiernos. Há muitos anos cultivo amizade com franceses. Infelizmente já não vive um grande francês, o Professor Jean Subirats, da Universidade de Nancy, um erudito que me honrou com sua amizade e logo em nossos primeiros contatos, quando eu era um colegial, me fez conhecer a obra de Balzac. Mantenho, há mais de quarenta anos, uma amizade fraternal com o Professor Bernard Alléguède, que vive em Charleville. Seu livro Natal et moi – Natal e eu, por mim organizado, encontra-se no prelo e em breve ele virá a Natal, por ocasião do lançamento. Maggy De Coster é outra grande e fecunda amizade cultivada há perto de quarenta anos. Tenho outros amigos franceses, que não são escritores, com os quais mantenho ótimos contatos há muitos anos.
JV: Erasmo de Roterdã, um dos mais influentes pedagogos do mundo, diz que conselho não se dá a quem não o pede. Sempre gostei de pedir conselhos a quem possui experiência e cujos êxitos estão expostos na vitrine da vida. Sendo assim, que conselhos você dá a quem está começando a construir a vida e sonha conquistar êxitos?
RS: Estudar seriamente, procurar fazer o melhor em tudo, não importando se vai conseguir, mas tentar sempre; esquivar-se de modismos, fugir das ideologias progressistas que infestam os círculos acadêmicos, não se render à imposição do politicamente correto. Não é uma missão fácil.