Direto de Brasília, DF
A cada quatro anos alguns moradores da quadra QE 38 da cidade de Guará II, em Brasília, renovam sua “veia” artística, se vestem de prazer em torcer juntos pela seleção brasileira e dão show na vibração e decoração da quadra.
Tudo começa com as “vaquinhas” para comprar tintas, barbante, o papel das bandeirinhas coloridas, e, claro, alguns comes e bebes tradicionais como pipoca, ingredientes para o churrasco ou um delicioso cachorro-quente.
O dinheiro arrecadado pode ser pouco, mas alegria e criatividade são enormes, contagiantes e solidárias, porque ao final fica evidente que o mais importante é estarem juntos nesses ciclos de copa do mundo, que de tão prazerosos viraram tradição.
Em clima de festa e farra, após a rotina dos afazeres, cada um dá sua contribuição nas reuniões do “quem vai fazer o quê”. Quem leva jeito para pintar arrocha nos desenhos, outros penduram as bandeirinhas coloridas, outros preparam os comes e bebes para no dia e hora do jogo do Brasil a presença de todos ser a estrela da festa.
Os lindos desenhos do canarinho pistola, da Taça Fifa da Copa do Mundo 2022, diferente da primeira taça, a Jules Rimet que o Brasil conquistou em definitivo com o Tricampeonato de 1970 e pode guardar para si, até que foi roubada da sede da CBF em 1983, as estrelas simbolizando o penta campeonato e os dizeres que já “profetizam” o Hexa, estão todos sob os pés de quem está de passagem ou se reúne no conjunto “B” da quadra, para a organizada “bagunça” dos dias de jogo do Brasil.
A TV sempre querendo colocar a cara para fora, porém protegida das chuvas de dezembro, tem seu lugar privilegiado na garagem de algum dos moradores; uma tenda gentilmente cedida por outro morador abriga debaixo de si algumas cadeiras, uma espécie de “camarote”, para os que gostam de focar no jogo, e ao redor dela as rodas de amigos, parentes e casais, comendo, bebendo, conversando, e, ocasionalmente até prestando atenção em algum lance da partida.
Nesse clima chegam as bacias com pipoca, as bandejas com cachorro-quente, tudo voluntariamente servido por quem só tem compromisso com a gentileza, e ainda “rolam” os tradicionais bolões de dois, cinco e dez reais sem que ninguém brigue com quem ganhou, mesmo tendo apostado na derrota da seleção. Eu mesmo quando ouvi o argumento entendi perfeitamente a fala do ganhador ao dizer: – Bem, quem perdeu foi a seleção! Eu, de minha parte, apenas acertei um palpite. O que é, é, minha gente! Impossível não sorrir…
Daquela reunião saí com a certeza que a campeã mais genuína é a alegria da reunião entre amigos. Bacana demais!!!