DIRETO DA 26a BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DE SP,
A profissão de escritor existe como um fato, mas não como um ato legal no Brasil. Não há regulamentação para essa carreira, como aconteceu recentemente com os profissionais cabeleireiros. Aliás, em reportagem de 2011 o jornal mais famoso do mundo, o NYT – New York Times diz que “não tem profissão mais ridícula no Brasil que professor, filósofo e escritor”.
Não vou defender as classes citadas, pois compreendo e creio que os envolvidos compreendem a ironia do NYT. Fato é que o reconhecimento, respeito e remuneração de escritor no Brasil é mesmo ridícula, ao comparar com o tratamento dado pelos EUA e em parte pela Inglaterra, melhor exemplo de como se deve tratar um escritor que oferece um bom produto ao público leitor/consumidor.
Por trás de todo roteiro de filme ou série, por trás de capas de livros de John Grisham, Janet Taylor Caldwell, Mary Shalley, Mark Twain, etc, etc., há um escritor que acordou pelas madrugadas; que viajou para ambientar seus personagens, que pesquisou muitíssimo para não ter que viajar, que sonhou acordado, que rasgou inúmeras páginas que não a(o) contentou fazendo sorrir, chorar, ou ficar preso à história.
De antemão posso assegurar que José de Alencar, Aluísio Azevedo, Machado de Assis, Jorge Amado, Ferreira Gullar e outros não tiveram vida fácil na indústria brasileira do livro. Escrever um livro dá muito trabalho, envolve pesquisa, muita imaginação e madrugadas em que a inspiração “arromba” a porta do sono e obriga a mente inquieta a se mover e escrever.
Quanto dinheiro de recompensa vale isto? Porque as editoras brasileiras, latino-americanas e europeias, não oferecem adiantamento para os escritores fazerem retiros sabáticos para escreverem seus livros, como ocorre nos EUA? Pior, ainda, porque as editoras mal prestam conta dos exemplares vendidos, não ajudam em nada no ‘marketing’ do livro, criando, inclusive, um departamento de divulgação para cobrar ainda mais dinheiro do escritor? Como deixar professores, filósofos e escritores ao “deus-dará”? “Diz que deu, diz que deu, diz que deus-dará. Mas, e se Deus não der, como é que vai ficar?”
De início é necessário entender que não se pode designar uma pessoa como “escritora” tão somente por ser alfabetizada e haver aprendido a escrever. Analfabeto, segundo o dicionário é quem não sabe ler nem escrever; quem não tem instrução primária ou é ignorante e de raciocínio difícil. Há contextos diversos para quem os desejar. Para ter livro publicado o necessário é ter vivido boas histórias ou saber inventá-las, mesmo que não se saiba ler nem escrever ou quando você não se sente “confortável” para escrever. Nestes casos você pode contratar um “ghost writer” ou escritor fantasma a quem vai remunerar devidamente e sem “choramingar” muito, querendo insinuar que a tarefa é fácil.
Aqui na 26a. BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DE SÃO PAULO, atento às densas marés de leitores e curiosos que superlotam os corredores que separam estandes, o que menos vejo são pessoas à procura de editoras, e sim dos livros que escritores conhecidos e desconhecidos trouxeram à luz. Então, após pedir mais respeito e honestidade financeira com os escritores, envio também um salve aos professores e filósofos, pois sem esses “ridículos”, que somos, a vida seria bem menos interessante.
INSCREVA-SE E ACOMPANHE ENTREVISTAS EXCLUSIVAS FEITAS NA BIENAL, EM MEU CANAL DO YOUTUBE: ESCRITOR JUDIVAN VIEIRA