Direto de Brasília, DF
(No YouTube: inscreva-se no canal “Escritor Judivan Vieira” e assista gratuitamente. Toda quinta-feira um episódio inédito, às 14h)
Escrevi, dirigi e produzi(com o suporte financeiro da www.paralelo43.com.br) a série documental “O caminho de Ariano Suassuna sob o olhar do escritor Judivan Vieira”, com muito amor e carinho por um de meus escritores brasileiros favoritos que nem sequer precisa de minha homenagem, mas eu quis fazê-la porque meu coração não me deixava em paz.
Nasci numa roça, no Vale do Piancó, na Paraíba. O lugar chama “Dois Riachos”. Chegamos a Brasília com os pais retirantes e por aqui, ele pedreiro e minha mãe lavadeira de roupas, Francisca Vieira, em meio ao desprezo generalizado de todos, e à miséria social e econômica em que vivíamos me disse: — Meu filho, a salvação para pessoas miseravelmente pobres como nós, é você estudar e trabalhar muito!
Conselho sábio é uma coisa enigmática! É parecido com a maturidade com a qual a vida quer presentear as pessoas, ou seja, não tem a ver com idade ou diplomas, mas com reflexão, aceitação, e racionalização de cada experiência vivida. Aliás, após Aristóteles, o pai da pedagogia, Erasmo de Roterdã, considerado um farol nesse campo, diz que “conselhos não se devem dar a quem não os pede”. O problema é que quem sonha ver seu derredor melhor não fecha a “matraca”de jeito algum.
Tomei o conselho de minha mãe e fui estudar e estudar muito. Na minha época de ensino fundamental o governo não dava livros. Os pais que comprassem. Meu pai não ligava para isso, mas minha mãe era diferente. Lembro-me bem que muitos anos após a fase da miséria e pobreza eu estava assistindo ao Fantasma da Ópera, em Nova Iorque (ainda com orelhão de ficha) e liguei para minha mãe e disse que por sua mentalidade deveria ter nascido na esquina da Rua 45, na Grécia, Roma antiga ou qualquer lugar que expressasse uma mente inquieta e um espírito que voa sobre o mundo. Ela sorriu, e de um desses lugares certa vez me disse: – Obrigado, meu filho. Agora, volte logo e leve mamãe de avião para João Pessoa!
A referência ao avião era porque só viajara uma única vez, levada por meu irmão mais velho que um dia foi morador de rua aqui em Brasília, dormindo sob a plataforma da rodoviária e literalmente pedindo licença a cachorro para nas noites frias e de inverno ter onde dormir nas ruas da outrora movimentada W3 Sul.
Foi na Escola Classe 03 do Núcleo Bandeirante, no ensino fundamental, como um aluno ordinário que fui, que uma professora de língua portuguesa vendo minha pobreza se compadeceu e me presenteou com “Iracema”, o romance de meu amado escritor cearense José de Alencar(quem dera tivesse dinheiro sobrando ou patrocinador, já que a paralelo43.com.br investiu o lucro de um ano em minha loucura por Ariano…rsrsrs, faria também um documentário sobre o Zé) e depois com o livro “As aventuras de Tom Sawyer, do escritor norte-americano Mark Twain. Esforcei-me muito para aprender a gostar de ler, porque, na verdade, tem coisas que se faz pela necessidade e não por gosto.
Ariano Suassuna vem nesse bojo do amor por histórias e escritores. Quando o li me identifiquei com sua arte, seus personagens mestres no improviso, herança lá de Taperoá-PB quando Ariano aprendeu a gostar do Teatro de Mamulengos e dos improvisados desafios de viola.
Dai em diante o que me restou foi seguir colhendo fragmentos de informações sobre ele. A única vez que o vi pessoalmente foi em Brasília no Shopping Pátio Brasil sentado numa cadeira e cercado por um grupo de poucas pessoas sentadas ao chão ouvindo histórias que faziam sorrir e como vive mais e melhor quem sorri mais, não consigo deixar de pensar que as pessoas que entrevistei para a série documental gostavam dele também por isto, porque ele as fazia sorrir.
Quando Ariano Suassuna faleceu em 14 de julho de 2014 senti a tristeza que o fã sente ao se despedir de sua novela ou série preferida, de seu filme mais amado, de seu livro mais querido. Escrevi o poema “Suassuna”, como se o estivesse observando no céu, sentado e autografando livros seus para Jorge Amado, José de Alencar, Mark Twain… Era tanta gente numa fila interminável que a noite de estreia seria infinda. Este poema que escrevi seria publicado em Paris(2018, Edicion Du Cygne), em meu livro de poemas “Rasgos no véu da Solidão/Déchirures du voile de la solitude”, em tradução bilíngue português/francês de minha querida amiga escritora, jornalista e tradutora Maggy De Coster.
Após 2018 meu coração se inquietou por rodar um documentário sobre Ariano Suassuna. Mas, o que escrever se já havia tanto sobre ele na Internet? Decidi que dentre os 7.4 bilhões de pessoas no Planeta Terra mostraria a minha perspectiva, o meu olhar frágil diante de sua grandeza e ao meu olhar somei o de João do Bigode, Josa, Márcio Cunha, João Evangelista no Palácio da Redenção e tantos outros fãs que encontrei nas ruas, estradas, no departamento de marketing do Sport Club Recife, dos poetas e cordelistas como Davi Teixeira e Meca Moreno, de “Fred”, empresário do ramo hoteleiro, e por fim nas entrevistas finais de Dantas Suassuna e João Suassuna, filho e neto de Ariano.
Pensei num documentário com duração de 1 hora, no meio do caminho, voando sob nuvens que pareciam de algodão decidi por uma minissérie e nas viagens pelo sertão da Paraíba e Pernambuco decidi que seria uma série com 2 temporadas. Os 13 episódios é para seguir produzindo contradições e dizer que não temo superstições.
Foi mais de 30 dias de filmagens por Paraíba, Pernambuco e Rio de Janeiro; 48 semanas de trabalho e não sei quantas mais virão, porque roteirizar dá um trabalho da “mulesta dos cachorros”, mas pagar à produtora, finalizar e deixar pronto para ir ao ar recebendo recusas de certas redes de TVs que dizem que o conteúdo é maravilhoso, mas que o padrão não é esse ou aquele; que o documentário deveria ter sido rodado em “Pal-M”ou em rolo de filme celestial, resistir a tanto desengano é para quem resiste ao sol do meio-dia e está pronto para o amor, e eu, me fiz assim como no filme de Jean-Claude Van Damme, “Desistir nunca, render-se jamais”.
Fechei acordo com a rede COM BRASILtv que estreou no dia 16 de junho, em homenagem ao aniversário de nascimento de Ariano Suassuna, por mais de 120 TVs comunitárias, como me disse por e-mail e WhatsApp, seu presidente Paulo Miranda, para um público de mais de 50 milhões de espectadores. Eu e minha esposa maratonamos a primeira temporada com seus 7 episódios. E como realização de outro sonho meu pude e estou veiculando gratuitamente a série documental em meu canal do YouTube “ESCRITOR JUDIVAN VIEIRA”. Vamos lá, se inscreva, dê essa força, recomende a seus amigos se inscreverem, reenviem o link para seus contatos.
Você quer me seguir, então vamos juntos trilhar “O caminho de Ariano Suassuna sob o olhar do escritor Judivan Vieira”.
Assista gratuitamente a 1 episódio inédito, toda quinta-feira, às 14h, no canal do YouTube “ESCRITOR JUDIVAN VIEIRA”.