DR PAULA MEYER

PETROBRAS TROCA MAIS UMA VEZ O COMANDO E O MERCADO REAGE

Os ânimos estão exaltados dentro e fora do Governo e quando o assunto é inflação e sucessivas altas nos preços dos combustíveis a “dança das cadeiras” é inevitável.

Ontem a noite, o atual presidente de uma das maiores empresas do segmento petrolífero, a Petrobras, José Mauro Coelho foi destituído do cargo. A mudança decorre da divergência do atual governo em relação a política de preços praticada pela Petrobras. A expectativa é de que Coelho permaneça no cargo até a próxima reunião extraordinária do Conselho da estatal quando irá validar outro nome para o comando da estatal.

A posse de Coelho data, 13 de abril e a sua permanência no cargo foi breve e deve seguir o périplo seguido pelos seus antecessores, Roberto Castello Branco e General Joaquim Silva Luna.

O mercado reagiu com surpresa diante dessa mudança “inesperada” no comando da estatal. Isso mostra o embate e a dificuldade em chegar a um consenso em relação as remarcações sucessivas no preço dos combustíveis.

Aventa-se o nome de Caio Paes de Andrade para substituir Coelho até o final do mandato de Bolsonaro. A nomeação de outra pessoa para substituir Coleho será escolha política uma vez que estamos em pleno ano eleitoral. A subida sucessiva dos preços dos combustíves pressiona a inflação e os índices apontam para valores cada vez mais distantes da meta inflacionária para esse ano. A subida dos juros por sua vez nao conseguiu até o momento arrefecer o ânimo da escalada dos preços de uma maneira geral.

Essa estabilidade no cargo é algo imprevisível sobretudo quando o assunto é a política de preços praticada pela Petrobras que acompanha a volatilidade dos mercados externos. O mercado fechou com queda de 3% no valor das ações da Petrobras e a bolsa de valores apresentou forte volatilidade ao longo do dia. Essa “sacudida” ou melhor a volatilidade espalhou-se também para o dólar. A confusão de substituição abrupta da presidência parece ser o tom do mercado até que a solução da política de peços seja novamente discutido e definido na Petrobras.

A Petrobras possui uma governança forte e mecanismos que blindam os efeitos de eventuais intervenções externas, significa dizer que a “dança das cadeiras” pode intervir  momentaneamente no humor do mercado mas sem que essas mudanças sejam interpretadas como uma pressão ou interferência externa na Petrobras.

Diante do exposto, o negócio é aguardar a cena dos próximos capítulos e observar o movimento do mercado.

 

Sobre o autor

Paula Meyer Soares

Dentro dessa perspectiva a coluna inaugura mais um espeço para a reflexão no Jornal Pernambuco em Foco acerca dos desafios energéticos e econômicos resultantes das nossas políticas públicas.
Serão abordados temas diversos voltados para área de energia, economia e políticas públicas.
A coluna será semanal abordando os mais variados temas correlatos à essas áreas sob a ótica da economista e professora Paula Meyer Soares autora e especialista em economia, energia e políticas públicas. Doutora (2002) e Mestre (1994) em Economia de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas – EAESP. Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade de Fortaleza (1990). Membro da Sociedade Brasileira de Planejamento Energético (SBPE