DR PAULA MEYER

INFLAÇÃO PERSISTE E AS EXPECTATIVAS PARA 2022 SÃO SOMBRIAS

Mal começou o ano e já iniciamos com a eclosão de um conflito bélico , Ucrânia e Rússia. As expectativas eram de que esse episódio não perdurasse por um longo período afinal de contas o poderio russo tão logo encerraria a questão. Todavia, os ucranianos resistem e assistimos estarrecidos as notícias do banho de sangue diário e a ampla movimentação de famílias migrando para a Europa.

Por outro lado, os percalços da guerra já chegaram no país. O preço dos combustíveis não para de subir, o valor de algumas commodities importadas já tem seus preços externos reajustados devido ao conflito entre os dois países e as previsões econômicas não são animadoras.

Iniciamos o ano com uma previsão de inflação de XX% para o IPCA e aúltima previsão já e de 6,86% para 2022. A SELIC, taxa que baliza as demais taxas por sua vez já aponta para uma alta de 13% em 2022.  A “puxada” da taxa de juros por sua vez torna mais agudo o rombo nas contas públicas cuja previsão é de R$ 601,9 bilhões, 5,97% do PIB de 2022.

O lado real da economia por sua vez não reage como deveria e a taxa de desemprego esperada permanece em 12,9%. Esse prognóstico da economia brasileira em 2022 é dasanimador e bastante nebuloso com relação ao futuro. Todavia é importante cunhar algumas passagens do pensamento keynesiano.

Keynes, o fundador do pensamento macroeconômico, reconheceu a vulnerabilidade e imperfeição do sistema capitalista de produção. O desequilíbrio entre as forças de mercado é a realidade e não como os Clássicos achavam que o sistema teria endogenamente os recursos necessarios para banir os desequilíbrios entre oferta e demanda.

Esse ponto de partida foi crucual para o estabelecimento de novos caminhos e soluções econômicas no sistema na qual vivemos diariamente. Trazendo para a atual situação da economia brasileira – enfraquecimento da demanda, inflação em ascensão, juros elevados, dívida pública crescente- mostra a necessidade de uma intervenção mais assertiva do estado na economia de modo a controlar o ritmo e o movimento dessas variáveis. E esse foi o legado deixado por John Maynard Keynes ao mostrar a importância em reconhecer a necessidade de um ente que ao menos dirija e conduza o comportamento dessas variáveis e situações – o Estado é esse agente.

Diante disso, a  situação atual requer esse braço forte, essa presença do Estado. E em um contexto de fragilidade política esse braço forte está por ora enfraquecido dentro e fora do front. Daí o motivo pelo qual a inflação persiste e as expectativas futuras para 2022 sejam sombrias.

Em um ano repleto de eventos que podem mudar o rumo da economia, como as eleições presidenciais, o fim do conflito Ucrânia-Rússia, incerteza política externa, inflação em alta no âmbito mundial. Esses elementos sem sombra de dúvida chocoalham os rumos da economia no país.

O que nos resta é aguardar e ficar de olho e atento ao desenrolar dos eventos ao longo do ano. Talvez essas sombras dissipem ainda esse semestre e tenhamos boas novas.

Sobre o autor

Paula Meyer Soares

Dentro dessa perspectiva a coluna inaugura mais um espeço para a reflexão no Jornal Pernambuco em Foco acerca dos desafios energéticos e econômicos resultantes das nossas políticas públicas.
Serão abordados temas diversos voltados para área de energia, economia e políticas públicas.
A coluna será semanal abordando os mais variados temas correlatos à essas áreas sob a ótica da economista e professora Paula Meyer Soares autora e especialista em economia, energia e políticas públicas. Doutora (2002) e Mestre (1994) em Economia de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas – EAESP. Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade de Fortaleza (1990). Membro da Sociedade Brasileira de Planejamento Energético (SBPE

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