Seminário “Sustentabilidade e transformação: as mulheres marisqueiras no processo” vai estimular novas fontes de renda e práticas sustentáveis e sociais com base em projeto criado por alunos de escola pública e apresentado em outros países. É gratuito
O marisco que vem do mangue e coloca comida na mesa de inúmeras famílias nas comunidades do Recife é, além de fonte de renda, atividade importante na cadeia turística, social, gastronômico e também sustentável da cidade. Diante dessa realidade e com o objetivo de potencializar a prática, a Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) João Bezerra, em Brasília Teimosa vai receber, nesta sexta-feira (10), das 8h às 12h, o seminário “Sustentabilidade e transformação: as mulheres marisqueiras no processo”, incentivado pelo Funcultura-PE.
O encontro, que é aberto ao público, vai reunir marisqueiros e marisqueiras, estudantes, professores e pesquisadores para discutir a mariscagem e transformar o que seria descarte em possibilidades de complemento de renda, cuidado ambiental e fortalecimento da atividade. Esse ofício, realizado principalmente por mulheres, é o centro da economia de lugares como Brasília Teimosa e Ilha de Deus, ambas na Zona Sul do Recife, por exemplo, mas foi comprometido com a crise gerada pela pandemia.
Durante o seminário, serão trabalhados temas como “Arte em casca! Transformando a casca de marisco e sururu em objetos sustentáveis e utensílios culinários”, com os professores e pesquisadores da EREM Risoneide Nunes e Jeronimo Costa; “A prática da mariscagem no viés social, econômico e cultural”, com a marisqueira Solange Silva; e “Mulheres marisqueiras e sua visibilidade na comunidade de Brasília Teimosa”, com a também professora e pesquisadora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), parceira da iniciativa, Betânia Guilherme.
O encontro, que integra um projeto maior e perene que vem sendo desenvolvido em Brasília Teimosa desde antes da pandemia, marca a retomada das atividades. “Queremos envolver as marisqueiras e trazer novas possibilidades para o viés da ecogastronomia, descobrindo as habilidades culinárias no preparo dos caldinhos de marisco e sururu, desde a recolha até a mesa dos bares e restaurantes, e trazendo uma abordagem voltada para o empreendedorismo social e cultural”, explica Jeronimo Costa, que também é produtor cultural e organizador do seminário.
Projeto – Foi na Erem João Bezerra e estudando as necessidades e potencialidades da comunidade que o projeto nasceu. Orientados e incentivados pelos professores e pesquisadores Risoneide Nunes e Jeronimo Costa, em parceria com o Educa Estuários, da UFRPE, estudantes viram que a mariscagem poderia ter seu ciclo de utilização ampliado.
“Entre os novos aproveitamentos estão as casas, que, trituradas e misturadas ao gesso, viram blocos sustentáveis de decoração interna, além de outros tipos de produtos”, comenta Risoneide Nunes. Essa metodologia, que está em processo de patente na universidade, foi desenvolvida nos anos de 2017 e 2018 e teve como inquietação o despejo indiscriminado do material na Bacia do Pina.
Com o sucesso do resultado, a solução foi premiada no Ciência Jovem. Também foi convidado para ser apresentado nas cidades de Quito (EQU) e Londres (ING) e premiado no Simpósio Nacional de Engenharia Ambiental e Sanitária.
Serviço: Seminário “Sustentabilidade e transformação: as mulheres marisqueiras no processo”
Local: Erem João Bezerra, R. Francisco Valpassos, s/n – Brasília Teimosa, Recife
Horário: 8h às 12h /Valor: gratuito