DR PAULA MEYER

A TRANSIÇÃO ENERGÉTICA MUNDIAL E O PAPEL DO BRASIL NESSE CONTEXTO – PARTE II

Em meio a degradação do meio ambiente e a preocupação progressiva das nações com as emissões de gases de efeito estufa, a transição energética constitui em uma via importante de readequação das matrizes produtivas e energéticas.

No Brasil o consumo de energia não é uniforme. O uso de fontes não renováveis como óleo diesel (16,8%), gasolina (8,3%), GLP (3,1%), querosene (1,3%) somados tem participação no consumo de energia no país de 29,5%.  As fontes renováveis tem uma participação de 52,3% e as outras fontes de 17,3%.(BEN , 2019)

Apesar da contribuição expressiva das fontes renováveis no consumo de energia no país, a expectativa futura é de aumentar ainda mais essa participação nos próximos 10 anos. De acordo com o Plano Decenal de Energia 2030, os investimentos realizados até o momento projetam uma expansão do uso das fontes PCH+Eólica+Biomassa+Solar de tal modo que a participação seja de 33% na matriz energética brasileira e de 54% da fonte hídrica. (PDE, 2030)

A envergadura institucional por detrás desses números é sólida. Desde os anos 2000, com a promulgação do Programa Nacional de Incentivos a Fontes Alternativas de Energia Elétrica, o PROINFA, Lei nº 10.438/2002.o país dá os primeiros passos na direção do uso de fontes renováveis. A fonte eólica por exemplo, alcançou ao final de 2020 a capacidade de geração equivalente de 18 GW de energia. A expansão em GW anual é de 2,2 GW em média, isso endossa a maturidade e sustentabilidade do setor ao longo dos anos. A previsão dos próximos 10 anos é chegar a uma capacidade de geração de 28,7 GW. (Abeólica, 2019)

Dentre as fontes renováveis, a fonte solar ganhando espaço na matriz energética brasileira. Durante o período de 2018 a 2019, teve um crescimento de 92% em termos de geração de energia. A participação da fonte solar na matriz elétrica brasileira é de 1,6%, em termos de geração são 2.955 MW. Os estados de Minas Gerais, São Paulo e rio Grande do Sul lideram na instalação de painéis fotovoltaicos. Essa liderança decorre das políticas públicas de incentivo e de instalação de painéis fotovoltaicos, ou melhor dizendo, Geração Distribuída (GD).(Absolar, 2020)

A fonte de biomassa também vem apresentando crescimento expressivo nos últimos anos. Atualmente a sua participação na matriz elétrica brasileira é de 8,4%, ou melhor dizendo, 15.199 MW. A biomassa oriunda da cana-de-açúcar se destaca nesse contexto de cogeração.

A expressividade das fontes renováveis na matriz energética do país mostra a inclinação do setor em atender as exigências da legislação nacional e internacional relativa a preservação do meio ambiente e de diminuição da emissão de gases de efeito estufa (GEE).

A previsão futura é de que o Brasil torne-se cada vez mais referência no uso dessas fontes de energia de tal modo que a geração de energia seja algo alinhado a questões maiores e que desafiam a todas as nações nesse século 21.

 

Sobre o autor

Paula Meyer Soares

Dentro dessa perspectiva a coluna inaugura mais um espeço para a reflexão no Jornal Pernambuco em Foco acerca dos desafios energéticos e econômicos resultantes das nossas políticas públicas.
Serão abordados temas diversos voltados para área de energia, economia e políticas públicas.
A coluna será semanal abordando os mais variados temas correlatos à essas áreas sob a ótica da economista e professora Paula Meyer Soares autora e especialista em economia, energia e políticas públicas. Doutora (2002) e Mestre (1994) em Economia de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas – EAESP. Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade de Fortaleza (1990). Membro da Sociedade Brasileira de Planejamento Energético (SBPE

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