Direto de Brasília-DF.
Há algum tempo venho pesquisando fontes de conflitos entre seres humanos. Uma das inegáveis causas é a multiplicidade de necessidades, ante a escassez de possibilidades de realização.
Se você atentar ao dia a dia verá que todas as pessoas, sem exceção, têm mais problemas para administrar que soluções para aplicar.
Uma das melhores ilustrações já criada sobre essa realidade está na pirâmide do psicólogo norte-americano Abraham H. Maslow, também denominada Hierarquia das Necessidades, na qual é possível perceber que as condições mínimas e necessárias para que cada ser humano atinja a sua satisfação pessoal e profissional são fontes inesgotáveis de conflitos internos.
Entretanto, a realidade que impede a realização de tais condições produz ressentimentos e disputas infindas pelas condições, circunstâncias, bens, e desequilíbrio psicológico causado pelas necessidades materiais. Esse plexo de necessidades ante a pequena capacidade de realização é adoece a humanidade. São doenças psicossomáticas, transtornos e síndromes que se multiplicam exponencialmente por todo o mundo.
Se abordarmos as necessidades sob o aspecto econômico vemos que mais de setenta por cento da humanidade vive em condições de pobreza. Some-se vinte por cento na classe média e dez por cento de ricos e super ricos. Resta evidente que em uma sociedade de consumo, quanto menos possível consumir menor o nível de “felicidade” e que em tais condições a “guerra” divide os seres humanos em classes sociais e econômicas diversas, inclusive entre presas e predadores.
Sendo assim, como devem ser analisadas as ações e reações pelas quais de forma consciente e livre uma pessoa decide ser quem ela é, fazer ou deixar de fazer o que faz, e ter os bens materiais que adquire?
Devemos considerar que, o que alguém se torna, o que adquire em bens materiais e o que faz, já estava determinado que seria, teria e faria, como creem os “deterministas”?
Eles creem que o maior de todos os modeladores do ser humano é o ambiente no qual nasce e cresce. Com isto retiram do ser humano a capacidade de decidir diferir de seus pais ou dos bandidos que o rodeiam, nos lugares pobres ou miseráveis nos quais nasce.
O determinismo como corrente de pensamento tem sido tão forte e determinante para análise do comportamento nos dois últimos séculos, principalmente entre norte-americanos, que um psicopata que mate dezenas de pessoas ao ser levado a julgamento em inúmeros casos consegue redução de pena e até internação em hospital psiquiátrico, em razão das dezenas de laudos psicológicos e psiquiátricos que dizem que o agressor é quem é porque seu pai, sua mãe, seu vizinho, seu padre, seu pastor, seu instrutor de escoteiro, seu professor, sua professora, ou seu colega o maltratou. A lista de transferência de culpa não tem fim.
Mas, será mesmo que as multidões de agressores que poluem nosso mundo devém ser absolvidas sumariamente por seus atos e agressão, mesmo quando os cometem de forma consciente e livre?
Se a resposta é sim, então para que serve a razão que nos ajuda a distinguir certo de errado, justo de injusto, legal de ilegal? Ora, sendo a razão a característica que eleva o ser humano à dimensão superior de seres racionais, e tendo essa mesma razão como traço característico o livre arbítrio, não devemos assumir que antes de uma ação ou omissão há sempre o poder de escolha?
Que benefício há em absolver sumariamente agressores e condenar vítimas? Quem ganha e quem perde nessa “guerra” entre filhos mimados de pais e (ir)responsáveis que terceirizam a educação, contra os profissionais do ensino?
Aristóteles diz que “nem o corrupto, nem o virtuoso tem poder sobre seu comportamento moral, mas eles tinham, antes, poder para se tornarem uma coisa ou outra; assim também alguém, que arremessa uma pedra, tem poder sobre ela antes de arremessá-la, mas não o tem depois de tê-la arremessado”.
Continua…