Paula Meyer Soares
Laura Vieira Maia de Souza
O ano de 2021 inicia com enormes desafios ocasionados pela continuidade e gravidade da pandemia do COVID-19. Novas variantes do vírus e o aumento e aceleração do contágio no Brasil, a gestão descoordenada das ações de combate ao COVID-19 justificam o alcance de mais de 220 mil óbitos até o momento.
O Brasil possui um dos mais abrangentes sistemas de saúde do mundo, é o SUS. Cerca de 75% da população brasileira utiliza exclusivamente os serviços ofertados por esse sistema. E 25% da população possui convenio médico.
O SUS é referência no atendimento ao combate à doenças infecto contagiosas e iniciativas de prevenção de outras enfermidades. No SUS, as ações de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada segundo a complexidade de atenção, baseada nos princípios da universalidade, integridade e equidade.
O alastramento do COVID-19 nos últimos dias é resultado de falhas de coordenação e de atuação em todos os níveis – municipal, estadual e federal- na esfera da vigilância sanitária do Ministério da Saúde. Cabe a vigilância sanitária identificar e controlar os focos de disseminação de doenças e tomar ações de prevenção e de combate de modo que impeça o alastramento de tais enfermidades.
Apesar do Brasil ser um país de desigualdades social e econômica abissais que refletem na qualidade de vida, de saúde e de produtividade do cidadão, a velocidade de contágio do vírus é resultado de inúmeras falhas da gestão atual do Ministério da Saúde. (MS).
- É resultado de uma coordenação nacional falha e sem planejamento adequado sincronizado com as esferas municipal, estadual e federal.
- Recomendação de tratamentos sem a devida comprovação cientifica perpetua e fragiliza as medidas de isolamento e distanciamento social.
- A falta de planejamento e centralidade de ações de controle das áreas afetadas requer a realização de diagnóstico precoce dos casos, isolamento de casos e segmentos de contatos.
A nova variante do vírus, mais letal e desconhecida o grau de transmissibilidade, tem lotado novamente os hospitais públicos. Pessoas estão na “fila” aguardando um leito. A falha na logística de cilindros de oxigênio nas unidades intensivas dizimou várias pessoas na região Norte do país.
A continuidade da pandemia no Brasil expõe o lado mais cruel de uma situação que poderia ter sido amenizada se tivéssemos organizado programas focados no combate ao COVID-19 sob a coordenação nacional do Ministério da Saúde. Se houvéssemos desde o começo definido os protocolos e medidas de isolamento uniformes no país a fora. Se tivéssemos identificado as áreas mais fragilizadas do ponto de vista de infraestrutura hospitalar e de pessoal.
O país investe 9% do PIB em saúde sendo que na rede pública estão lotados 42% dos gastos em saúde da população e 58% dos gastos em saúde na rede privada. Esta última atende menos de 25% da população total do país.
Há no Brasil, 399.692 médicos atuando, o que significa que há 1,95 médico a cada mil habitantes. Em termos de comparação, a média de médicos por mil habitantes nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 3,2.
Apesar de sermos uma país de dimensões intercontinentais, com uma enorme desigualdade social, o ano de 2021 se arrasta com um rastro de mais de 1.000 mortes/dia por COVID-19. As medidas necessárias para contenção dos efeitos da pandemia foram falhos, descoordenados e a esperança é a vacina. Os desafios do segundo ano de pandemia são inúmeros e nos resta aguardar a nossa vez para sermos vacinados e pedir a Deus que estejamos vivos até lá.