No último artigo publicado nesse espaço apresentei a situação do consumo de energia elétrica durante o período de pandemia com dados e explicações acerca da tendência para 2021.
Observando a evolução do consumo de energia elétrica e relacionando à diminuição das atividades econômicas, o ano de 2020 fechou com um recuou de consumo de 1,6% em relação ao ano de 2019. Isso significa dizer que as medidas de isolamento social – distanciamento mínimo, horário de funcionamento de certas atividades, transformação de atividades remotas e no âmbito familiar- geraram em 2020 um recuo de -5,5% da nossa economia.
Alguns segmentos da economia foram mais fortemente afetados com diminuição severa do ritmo de produção. O segmento industrial por exemplo reduziu as atividades em -4% assim como do de serviços, – -5%. (IBGE, 2020)
O nível de desemprego alcançou a cifra de 14,1 milhões de brasileiros afastados do mercado de trabalho.
A redução do ritmo das atividades produtivas por sua vez diminuíram a demanda por energia elétrica. Durante o período de 2019-2020 o consumo residencial se expandiu em +3,7% enquanto que as demais classes de consumo de energia retroagiu. O segmento industrial recuou em -1,8% de uso de carga de energia acompanhado do segmento comercial cujo recuo foi de -9,6% e outros segmentos -1,6%. (EPE, 2020)
Diante de um a quadro de diminuição de demanda por energia como entender uma possível elevação da conta de luz. Primeiramente é importante esclarecer que a matriz energética brasileira é eminentemente composta por fontes renováveis de energia com predominância para a fonte hídrica. Cerca de 62% da geração de energia elétrica no país é originário dessa fonte. Quando há uma diminuição da vazão dos rios, o acionamento de outras fontes de energia é necessário. Nesse caso as térmicas que utilizam gás natural, biomassa, óleo diesel, carvão (mineral e vegetal) como insumos energéticos produz o MWh a custos mais elevados do que o produzido pela fonte hídrica. Essa elevação dos custos – variáveis – será repassado ao usuário final de energia.
Em dezembro de 2020, a Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) aprovou a banda tarifaria vermelha, essa medida visa ressarcir a geração do setor elétrico que devido a intempéries sejam elas de ordem natural, técnica. A banda tarifária reflete os custos variáveis da geração de energia elétrica estando diretamente relacionados com as fontes utilizadas. Trata-se de um mecanismos mais flexivel de reajuste uma vez que só é permitida o reajuste o periódico, ocorre anualmente ou extraordinário com solicitação junto à ANEEL. Essas medidas não são perenes podendo ser retirada da conta de luz a qualquer instante e com mais celeridade.
O reajuste na tarifa de energia elétrica deve ser comprovada a necessidade de ajuste e explicado junto à Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) que ao tratar sobre o assunto autorizará ou não
Uma hidrologia desfavorável além de sinalizar mecanismos de acionamento de outras fontes de energia mostra a importância em dar a devida atenção ao planejamento energético observando todas as possíveis possibilidades de geração de energia no país.
Nos últimos anos as fontes de energia renováveis – solar e eólica- apresentaram expressivo crescimento na matriz energética brasileira. De acordo com dados do Balanço Energético Nacional de 2020, o crescimento dessas fontes durante o período de 2018 a 2019 foi de eólica (+15,5%) e solar (+92,2%) respectivamente. Atualmente a participação dessas fontes na matriz energética é de 1% solar e 8,6% eólica. (BEN, 2020)
Dentro desse contexto é crucial que o país cultive um setor elétrico diverso, amplo e capaz de atender o crescimento da demanda de energia elétrica para os próximos anos ainda que a conjuntura econômica seja desfavorável e com diminuição de consumo futuro de energia.