DR JUDIVAN VIEIRA

DIA 3 – DIÁRIO DE BORDO. ANO 2020. DIRETO DE UMA ESCOLA DA CIDADE DE PLANALTINA-DF/BRASIL. PLANETA TERRA TOMADO PELA PANDEMIA DA COVID-19. A PROFESSORA GEVANI SILVA: REGISTRO DE BORDO.

 

Sexta-feira, 11 de setembro de 2020.

O segundo grupo de alunos foi atendido pelo Google Meet, com foco na leitura e escrita. Neste grupo todos os alunos acessam a plataforma todos os dias sem dificuldades e realizam as atividades, com acompanhamento e uma rotina diária de hábitos de estudos, seguindo o cronograma da turma. Foi possível observar que esses alunos estão se desenvolvendo, estão crescendo na aprendizagem de novos conteúdos, assim como outros, com as mesmas características. O que vem reforçar ainda mais as desigualdades de condições encontradas em uma mesma turma.  Assim como comprovar que hábitos de estudo, acompanhamento sistemático, motivação e esforço do aluno e da família, contribuem e são primordiais para o sucesso escolar.

Recebi a mensagem de uma mãe, que me deixou muito feliz, informando que seu filho, passaria a desenvolver atividades na plataforma. Até então, este aluno realiza apenas atividades impressas, pois, apesar de estar inserido na plataforma, não tinha condições de utilizar.

Minha rotina seguiu com mensagens ao longo do dia com confirmações dos agendamentos para os próximos atendimentos, esclarecimentos de dúvidas, acompanhamento e inserção de atividades na plataforma, discussão através de vídeo- chamada com demais professores da mesma série/ano dos conteúdos e atividades da semana seguinte para a plataforma, assim como também, para aqueles com atividades impressas, registro e envio de Tele Trabalho para a Instituição de Ensino via e-mail, concluindo com gravação de uma videoaula de matemática.

Sabemos que a cada dia a tecnologia está mais presente nas salas de aulas, beneficiando a aprendizagem dos alunos,  mas não estava preparada para entrar nesse universo “online” tão rapidamente, bruscamente e em situação vulnerável de incertezas, medos e angústias com o futuro do Brasil, com o meu futuro, pois, não podemos esquecer que professores são, antes de tudo, seres humanos.

O uso de ferramentas tecnológicas, não garantem por si só a aprendizagem dos alunos, conhecer e explorar essas ferramentas, criar conteúdos atrativos, podem facilitar nosso trabalho e ajudar a melhorar o ensino e a aprendizagem dos alunos.

Mesmo diante dos desafios, insegurança, dificuldades em lidar com tecnologias, tenho aprendido bastante nesse período de isolamento social. Tive pouco tempo no início para me familiarizar com a plataforma, através de uma semana de formação pedagógica, oferecido pela Secretaria Estadual de Educação do DF. Depois, com o retorno das aulas, as necessidades foram surgindo e a busca por ferramentas e novos recursos para as aulas foram surgindo. Tenho tantos APPs, no meu celular, que às vezes, fico perdida.

Muito do nosso tempo hoje é dedicado à aprendizagem de algum aplicativo ou gravação de videoaulas. As aulas “online” ou gravadas, exigem um planejamento maior na seleção do material a ser utilizado, ambiente, iluminação, áudio, etc. Às vezes é necessário gravar um vídeo várias vezes, justamente por esses detalhes e falta de experiências, como aconteceu comigo hoje. Gravei umas quatro, cinco vezes o mesmo vídeo.

Não foi nos ofertado recursos ou estrutura mínima adequada para gravações de aulas, tive que improvisar de diversas formas, em minha casa, utilizando muitas vezes meus familiares como assistentes, sem saber ao certo se a qualidade seria boa ou não. Nas aulas, procuro mesclar vídeos criados por mim, com vídeos educativos do YouTube. Antes, não gostava nem de enviar áudios ou aparecer em fotos e vídeos, mas tive que repensar, o contato com os pais, a escola e os colegas de profissão são muitos diariamente, não tem como ficar digitando, o jeito foi começar a mandar áudios e gravar vídeos para as aulas.

Somos cobrados e julgados todos os dias, da sociedade, do governo, para que tudo funcione bem, que os alunos estejam inseridos e acessando a plataforma, na verdade, sem muita preocupação com a eficiência ou não da aprendizagem. Mas aí eu pergunto: E a nossa saúde mental nesse período, como fica? Estamos com acúmulo de carga emocional muito grande, muitas vezes, nos sentimos abalados, estressados, esgotados, ansiosos, frustrados, pois, por mais que fazemos, não percebemos o retorno através da participação efetiva de todos os alunos. Acredito que professor nenhum goste dessa sensação de estar deixando algum aluno para trás ou que de fato, o aluno não esteja avançando na sua aprendizagem.

No momento atual, a segurança de todos é prioridade, sou a favor do retorno presencial apenas quando for verdadeiramente seguro, porém, gostaria de oportunidades iguais para professores e alunos.

Continua…

Sobre o autor

Formado em Direito, Pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad Del Museu Social Argentino, Buenos Aires-AR, em 2012 e Pós-Doutorado em Tradição Civilística e Direito Comparado pela Universidade de Roma Tor Vergata. Professor de Hermenêutica Jurídica e Direito Penal nas Faculdades Integradas do Planalto Central e de Direito Penal, Processo Penal e Administrativo em cursos preparatórios para concursos, por 19 anos, em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre. É Palestrante. Já proferiu palestras na Universidade de Vigo-Espanha e Universidade do Minho, Braga-Portugal, sobre seu livro e, Ciências Sociais "A mulher e sua luta épica contra o machismo". Proferiu palestra na University of Columbia em NYC-US, sobre sua Enciclopédia Corruption in the World, traduzida ao inglês e lançada pela editora AUTHORHOUSE em novembro/2018 nos EUA. É Escritor com mais de 15 livros jurídicos, sociais e literários. Está publicado em 4 idiomas: português, espanhol, inglês e francês. Premiado pelo The International Latino Book Awars-ILBA em 2013 pelo romance de ficção e espionagem “O gestor, o político e o ladrão” e em 2018 mais dois livros: A novela satírica, Sivirino com “I” e o Deus da Pedra do Navio e o livro de autodesenvolvimento “Obstinação – O lema dos que vencem”, com premiação em Los Angeles/EUA. Seu livro de poemas “Rasgos no véu da solidão”, em tradução bilíngue português/francês foi lançado em junho/2018 na França. Eleito em 17/11/2018 para o triênio 2019/2021, Diretor Jurídico do SINDESCRITORES (Sindicato dos Escritores do Distrito Federal), o primeiro e mais antigo Sindicato de Escritores do Brasil.

Judivan J. Vieira
Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney
Escritor/Writer - Awarded/Premiado by ILBA
Palestrante/Speaker/Conferenciante

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