Direto de Brasília-DF.
Em 31 de agosto comemoro dois anos escrevendo para o Pernambuco em Foco.
Como não sou jornalista, pedi e me alegra que “Birosca”, o jornalista, editor-chefe, e dono do web jornal, tenha concedido liberdade para escrever com didatismo, ou seja, sendo explicativo com afirmações ou negações que faça, fugindo, assim, do espectro tradicional adotado pelo jornalismo.
Pretendo, em resumo e ao longo desta série, explanar o tema, “lugar de fala”, e orientar como você pode se posicionar sem ser intimidado por quem não o compreende bem e, ainda assim, quer ditar regras, como, também, em razão de quem tem prazer em trancafiar o conhecimento em guetos, especialmente para afirmar domínio.
O ser humano e o conhecimento pertencem ao mundo. Todos os que pretendem limitá-los assemelham-se ao rio, cujas águas barrentas deságuam no oceano e esperam mudá-lo de cor. A lama pode prevalecer por alguns metros e até quilômetros, mas o dia chegará em que a força do mar devolverá a contaminação e o lixo, à costa.
Em 12 de agosto, conversando com o amigo e escritor potiguar, Roberto da Silva, ele recitava a frase “enquanto isto, continuamos a pastar nos capinzais da ignorância”, dita pelo professor Pedro Nava, a alunos que desprezavam o poder do conhecimento.
Se nos permitirmos educar e ensinar corretamente, e se os que amam o conhecimento se permitirem dar às mãos, o esforço não será em vão. Chegará o dia em que o conhecimento disparará o gatilho certo em nosso cérebro, e perceberemos que o cosmo é feito de diferenças. Respeitá-las, delimita o grau de nossa humanidade.
O tão imenso planeta Terra, hoje, apenas uma partícula da Via-Láctea, e esta, outrora celebrada como o cosmo infinito, e hoje cientificamente apenas um minúsculo corpo celeste dentre os mais de três bilhões de galáxias conhecidas pela Cosmologia, exemplificam bem como o conhecimento é poderoso para redimensionar escalas de valores.
Qual é o seu e meu real tamanho, dentro dessa realidade? De fato, o que nos faz tão importantes em ser brancos, negros, pardos, amarelos, indígenas, “gays”, homens, e mulheres?
Esqueça a artificialidade da Política, do Direito, da Economia, e pense comigo: quão melhores realmente somos, uns em relação aos outros?
Será que por toda nossa existência, temos sido tolamente enganados ao deixar de lado o simples e mais precioso entendimento, que é o fato de sermos todos “humanos”?
Não terá sido essa, por toda a vida, a única classificação e condição que deveria prevalecer, ao invés de abraçamos ideologias que objetivam nossa coisificação e guetização, a justificar o domínio ou o sentimento de superioridade, de uns sobre os outros?
Há correntes de pensamento, há governos, acadêmicos e cientistas sociais que militam contra a humanidade. São tão sagazes e falaciosos, que vez por outra transfiguram a essência boa do conhecimento, de alguém ou algo, com o objetivo de iludir, e reforçar os fundamentos da coisificação dos seres humanos.
Aceitar tais ideias sem filtrá-las, como vimos fazendo há milênios, nos desumaniza e cumpre o papel que desejam, porque após aceitarmos ser rebaixados da condição de humanos à coisa, fica fácil sermos manipulados e dominados. Quem falará por nós, em meio a nosso sofrimento?
É preciso ser reflexivo e aprender a filtrar o que quer que pretendam nos passar como ensinamento.
Quando alguém diz que só pobre pode falar de pobreza; que só negros podem defender direitos civis e justiça social dos negros; que somente o indígena deve defender a causa dos índios, e que somente a mulher deve falar de feminismo e de machismo, tal pessoa ou grupo pode estar a serviço da ignorância.
Pode, também, estar mal-intencionada e sequiosa por nos dividir, enquanto humanos, como estratégia para conquistar uma pessoa, um grupo, ou uma ideia. Saiba que a estratégia de dividir para conquistar, só é eficaz, enquanto continuarmos a pastar nos capinzais da ignorância.
É para esse caminho de breves reflexões sobre o “lugar de fala”, que estou convidando você, desde hoje e por mais alguns artigos.
Uma de minhas propostas é lembrar que seu universo pessoal dilata, cada vez que se dispõe a ler e refletir.
Continua…
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