Por: Juarez Cruz
O Brasil dos anos de 2020 está passando por uma situação atípica, inverossímil, que certamente irá mudar a vida de muitos brasileiros e quem sobreviver jamais irá esquecer.
A situação que o mundo e, em especial, o Brasil passa, pode não ser igual ao que é contado no romance “O Amor nos Tempos de Cólera”, de Gabriel Gárcia Marques, colombiano nascido em 1928, na aldeia de Aracataca, e autor de alguns dos maiores romances do século XX, mas tem tudo haver com o que está acontecendo nos dias de hoje.
Estamos sendo atingido por avassaladora onda do surto de contaminação do Coronavírus, vírus oriundo da China que se espalhou mundo afora, por todos os continentes, transformando-se numa pandemia que vem atingindo ricos e pobres, sem qualquer distinção de raça ou de cor, e ameaça as grandes economias globais, que irá causar uma grande recessão econômica e atingir inexoravelmente as populações dos países, em especial os mais pobres e negros.
Segundo dados divulgados nesta sexta feira(10) pelo Ministério da Saúde, embora minoritário entre os registros afetados pela doença, pretos e pardos representam 1 em cada 4 brasileiros hospitalizados com Síndrome Respiratória Aguda Grave (23%) mas chegam a 1 em cada 3 entre os mortos por Covid-19(32,8%).
A pandemia atingiu inicialmente uma população com condições muito mais favoráveis, pessoas brancas, ricas e com amplo cesso à saúde. Imaginemos pensar quando esta doença se disseminar pela população negra e mais pobre, onde 67% dependem do SUS, sem acesso à saúde privada e tem péssimas condições de vida e morbidades associadas.
Essas morbidades estão ligadas a questões sociais, como falta de saneamento básico, agravadas pelas desigualdades sociais, como condições precárias de moradias, que favorecem o surgimento de doenças como tuberculose, diversos tipos de outras gripes, diabetes e hipertensão arterial, considerados agravantes para o desenvolvimento do Coronavírus-19.
Nos EUA, o novo Coronavírus está matando negros em taxas mais elevadas do que na população em geral, o que pode ocorrer também aqui no Brasil, onde temos uma população majoritariamente negra, que conta com um sistema de saúde que vem sendo dilapidado há muito tempo pelos governantes passados como os ex-presidentes José Sarney, Fernado Collor de Melo, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso(PSDB), Dilma Rousseffte(PT) e Luís Inácio Lula da Silva(PT), que em 2013, chegou a fazer um comentário absurdo, típico de quem não tem compromisso com à saúde do povo que tanto diz defender quando, no período que se discutia a organização das olimpíadas aqui no Brasil, foi questionad o porque não investir na construção de hospitais no lugar de olimpíadas: “Não fazer olimpíada porque não tem hospital é um retrocesso”, disse ele, sendo referendado pelo ex-jogador de futebol Ronaldo fenômeno.
O presidente atual Jair Bolsonaro, segue na contramão do que preconiza a Organização Mundial da Saúde(OMS) e de seu ministro da saúde, Henrique Mandetta, quando resolve contrariar as recomendações para fazer o isolamento social e mais, ajuda a disseminar à doença, como o fez durante sua vinda dos EUA para o Brasil, quando ele e cerca de vinte e duas pessoas que vinham no avião presidencial apresentaram suspeita de estarem infectados do Coronavirus, quando resolve sair em público a cumprimentar seus apoiadores nos cercados do Palácio da Alvorada ou quando resolve tomar um cafezinho nos arredores de Brasília, estimulando brasileiros a fazerem o mesmo. Cuidar da saúde do povo não é prioridade para estes man dat&aacu te;rios, mas da economia e da política sim.
Como aconteceu na historia real de amor dos pais de Gabriel Garcia Márquez, onde surtos de outras doenças, guerras, preconceitos e hábitos fizeram parte do cotidiano naquele período, aqui não será diferente. No Brasil em tempos de pandemia, temos um longo e tenebroso período crises jamais vista neste País.
Governos estaduais mostrarão sua verdadeira face autoritária querendo impor restrições absurdas, como impedir e ameaçar de prisão pessoas que circulem em locais públicos e até controle de celulares, como está pleiteando o governador de São Paulo, João Dória(PSDB). Nesta toada, tem até apresentador de programa de televisão, como Marcos Paulo Ribeiro de Morais, mais conhecido como Marcão do Povo, apresentador do matinal “Primeiro Impacto” do SBT, quando sugeriu no ar(09/04) que o governo deveria construir “Campos de Concentração para os infectados do novo Coronavirus-19”. Diante da repercussão negativa ele se pronunciou dizendo; “Esse aqui é o meu pa pel, eu sempre gostei de estar ao lado das pessoas. Queria dizer que tudo passa e Deus tem a resposta para todas as perguntas, né?”, Imagina se esse cara não gostasse das pessoas o que ele não sugeriria para os infectados do Coronavirus e outras doenças infectocontagiosas?
Afora os políticos oportunistas de plantão, que se aproveitam da situação para decretarem calamidade pública e poderem usar verbas públicas ao seu bel prazer, se livrando assim dos órgãos de controle dos tribunais de contas(que em tempos normais não controlam muita coisa), teremos inúmeros fechamentos e falências de empresas e o inevitável aumento do número de desempregados, gerando uma horda maior do que já temos hoje de desemprego e pobres que, sem perspectiva, não conseguirão atender algumas demandas principais como alimentação e moradia. Desta instabilidade social que advirá com á pandemia, muitos se valerão de um expediente comum quando a fome apertar e ondas de saq ues, rou bos, confrontos armados entre gangues e pessoas comuns e à disputa da população por uma vaga no sistema hospitalar nas grandes e pequenas cidades serão uma constante. Muitas também serão as desavenças conjugais, com reflexo direto no seio familiar, aumentando ainda mais as relações tensas entre pais e filhos, assim como aumentarão o número de crimes advindos dessa desordem social e econômica entre a população de todas as esferas sociais. E quando isto acontecer ai estará instaurado o caos na sociedade, onde veremos a mão militar do Estado intervir para oprimir a população desesperada, enquanto os políticos(do executivo, legislativos municipais, estaduais e federal), ministros, secretários e ocupantes de altos cargos das estatais e órgãos públicos, ficarão trancados em suas residências luxuosas e gabinetes pol&iac ute;ticos, traçando estratégias para manterem seu controle sobre as riquezas produzidas pelo País. Enquanto isso os ministros dos supremos tribunais federal, de justiça e eleitoral, estes seres quase abstratos e intocáveis, também ficarão deitados em berço esplêndido, no alto do olimpo, vendo(se é que eles veem alguma coisa) toda essa desordem política e social, enquanto a turba se degladia nas ruas infectas e pestilentas, a propagar doenças, morrer de fome, ante a omissão e insensibilidade do Estado.