Direto de Brasília-DF.
Vamos pensar um pouco sobre chuva? É estranho o tema? Refiro-me à chuva que cai sobre a terra, especificamente para regá-la e fazê-la frutificar.
Para quem nasceu em cidade o plantio e suas etapas são atividades totalmente desconhecidas. Afinal, se necessita de um alimento vai ao supermercado e escolhe o que pode comprar, prateleira por prateleira.
Quem nasceu ou nasce no campo, na roça, e participou ou participa do processo de plantio sabe que há procedimentos vários a serem seguidos. É necessário preparar a terra, semear a semente, cuidar para que pragas e erva daninhas não destruam o que se cultiva, depois é que vem a colheita, o consumo, troca, ou venda dos produtos. Há variantes mais esse processo antigo ainda perdura até hoje na maior parte do mundo.
O que eu deixei fora do processo foi a chuva. Você percebeu? Creio que deve estar pensando agora que sem a chuva todo o esforço gasto naquelas fases de plantio, cultivo e colheita seria inútil, certo?!? Certo! Não me refiro à tempestade que a tudo destrói, mas à chuva que cai para regar a terra e germinar a semente. Qualquer consulta que você fizer a sites sobre agronegócio te diz que fazer uma boa gestão do período de chuva é essencial para a produtividade.
Mas, o que chuva tem a ver com educação? Nada, certo? Errado! Saiba que educar vai muito além do ato de transmitir conhecimento. A educação veste a pele de cada um de nós, está no coração de cada um de nós, inclusive daquele que jamais pisou os pés em uma escola formal. Isto torna possível dizer que em muitas medidas o homem das cavernas foi mais educado que o homem do século XXI, com toda sua tecnologia.
A educação não faz distinção de cor, raça, sexo, religião, procedência, crença. O Ensino faz! O Ensino discrimina! Por vezes o ensino mente ao construir biografias e histórias que transformam vilões em heróis; o ensino é manipulável e por vezes serve a propósitos de ideologias de esquerda e direita e, por aí vai.
Quem acompanha meus artigos sobre o processo de educação e ensino desde o Egito antigo (3000 a.C.) até nossos dias, sabe que a História registra escolas para pobres e escolas para ricos, escolas para negros e escolas para brancos, escolas para brancos e escolas para indígenas, escolas para crentes e escolas para ateus e quando conveniente, nem escolas há.
Por que a educação não faz acepção de seres humanos, de pessoas? Porque a educação pode ser comparada à chuva que cai sobre todos, à chuva que cai para regar e fazer germinar o espírito de “ser humano”, que é plantado dentro desse saco de carne que somos todos, do mais bonito ao mais feio, do mais pobre ao mais rico.
Biologicamente somos todos uma máquina de carne e osso que sem o espírito, alma, ou seja lá o que for(vai de quem é dicotômico ou tricotômico…) para nada presta. Apodrece e depois de três dias, se não for congelado ninguém aceita mais na sala de estar.
Eis porque comparo a educação como uma espécie de chuva que cai sobre toda a humanidade querendo regá-la, para fazer germinar seu humanismo, seu espiritualismo. Um humanista sabe que corpo e alma devem ser cuidados; que o ser humano é o centro do universo antropológico e que nem por isto precisa matar Deus; que o respeito e a solidariedade são essenciais à convivência pacífica em sociedade. Um espiritualista sabe que a educação nos faz crescer tanto individual quanto socialmente, tanto na direção da solidariedade com o próximo quanto no relacionamento com a divindade que há em nós e/ou acima de nós.
O que será que o escritor do livro de Salmos(salmos são poesias hebraicas) quis dizer com “Vós sois deuses, e todos vós filhos do Altíssimo”? Há inúmeras interpretações. Os mais temerosos dizem que o salmista errou porque em caso de sermos deuses, seríamos concorrentes de Deus. Outros dizem que, o que o salmista(Salmo 82:6) quis dizer foi explicado pelo evangelista João(João 10:34) insinuando que a palavra deuses no texto significa que há seres humanos que recebem poderes especiais como juízes, magistrados, autoridades, etc; que essas pessoas são deuses porque, assim como Deus, possuem poder para mandar e julgar. Será? Eu cursei dois anos de teologia em uma das melhores faculdades do Brasil e do mundo, mas abandonei o curso pela metade (o único que comecei e não terminei na vida) e, não me sinto capaz de aceitar ou contestar essa explicação dada ao texto poético.
Essa pandemia do COVID-19 ou Coronavírus, além de inúmeras outras Lições que a humanidade será obrigada a extrair, está mostrando que a educação está em outro patamar, em relação ao ensino. A educação não é tola! Ela não despreza a nada e a ninguém, pois sabe que a força está na quantidade e qualidade associadas à capacidade de raciocínio que a humanidade de graça recebeu e que, por vezes, mal a utiliza ou a utiliza para o mal.
Os governos do mundo suspenderam as aulas nas escolas. Não há professores e não há livros didáticos até que haja segurança ao agrupamento de humanos. Se os pais quiserem podem ensinar o ensino escolar e livresco(que é extremamente importante) aos filhos em suas casas. Que prejuízo tem a educação com isto? Pouquíssimo, porque a educação já existia antes do ensino escolar e livresco! O ensino é um dos muitos braços de um polvo chamado, educação.
A educação está na orientação que pais e famílias devem dar a seus filhos sobre tudo e sobre qualquer coisa que possam. Sobre o respeito pela hierarquia paterna em que pais lúcidos mandam e filhos obedecem, respeito pelos mestres que os ensinam. A educação está nas religiões que respeitam e ensinam respeito, está na política que ensina respeito a quem pensa diferente, a educação está na percepção de cada um dos teus sentidos. Está no que você cheira porque assim educa teu olfato, no que você come porque educa tuas papilas gustativas, está no que você vê porque te dá percepção exterior das coisas, está no que você ouve porque te faz associar todas as impressões que possa ter sobre algo e está no teu tato, porque te permite conhecer o relevo e a textura da matéria da qual você e eu somos constituídos.
Por essas e outras razões me ponho a pensar e fazer pensar no processo de educação e ensino, como continente e conteúdo. Tenho a impressão que essa pandemia também nos obrigará a repensar a solidez de muitos dos pilares que sustentam nossas sociedades. A educação, um dos pilares mais importantes, há muito tem sido deixada ao sabor do tempo e, o tempo, corrói. O tempo destrói a própria vida, quanto mais seus subprodutos.
O COVID-19, seja ele fruto de guerra biológico-econômica, manipulação negligente em laboratório, mutações genéticas ou outra causa qualquer, está impondo que todos nos eduquemos , porque como uma fratura exposta o Coronavírus está provando a fragilidade de nossa constituição biológica. O COVID-19 está mostrando pela milésima vez que as atitudes mais básicas como ser limpinho e manter a higiene pessoal e do ambiente de nossas casas e outros que nos rodeiam, podem salvar.
Não faz tanto tempo assim eu ia ministrar aula na cidade satélite de Taguatinga-DF e enquanto dirigia meu carro quase sofri um acidente porque um passageiro do ônibus que ia à frente abriu a janela e soltou um coco verde que por pouco não bateu no parabrisa de meu carro. Tive que ziguezaguear para não sofrer um acidente e acidentar outros motoristas também. É possível que o individuo que atirou o coco pela janela do ônibus tenha estudado em alguma escola? É possível que fosse até mesmo um aluno meu? Claro que sim!
Tais pessoas são menos humanas? Não! Menos humano é o chimpanzé que possui uns trinta por cento a menos da capacidade de raciocínio. O porco, o papagaio, o jumento, junto com o macaco, esses são menos humanos. A diferenciação entre seres humanos é mais eficaz se pensarmos em quem é mais educado ou menos educado e não em quem tem mais diploma ou menos diploma, por mais que diplomas e certificados sejam importantes.
Por exemplo, minha mãe nasceu no sertão da Paraíba, o ensino que recebeu foi somente até a terceira série, mal sabia escrever ou ler, mas era muito mais educada que muitos doutores e pós-doutores com os quais estudei fora do Brasil. Isto significa que diploma não é importante? De jeito algum! Quem diz isto às vezes quer diminuir quem tem ou se esconder atrás da própria negligência de não haver estudado, mesmo tendo oportunidades.
O que quero enfatizar é que a educação não depende da escola nem do livro didático, mas o livro e a escola dependem da educação.
A educação quer se fundir com nossa constituição orgânica e espiritual. E aí, você vai se deixar educar? Comece pelo básico e não pare mais. Respeite e aprenda as lições que os vírus tanto nos repetem e não assimilamos desde a peste negra, cujo pico durou 7 anos, entre 1346 e 1353 e matou entre 75 a 200 milhões de pessoas na Eurásia, a gripe espanhola de 1920 que contaminou mais de 500 milhões que ficaram entre a vida e a morte e destes em torno de 50 morreram.
Antes que os profetas do apocalipse entre em ação, advirto que há salvação e ela começa pela higiene pessoal, por sempre lavar direitinhos as mãos, evitar qualquer tipo de ajuntamento de pessoas enquanto isto for recomendado pelas autoridades, obedecer as orientações do governo porque elas estão embasadas na palavra de especialistas. Converse muito com você, pois se observar bem perceberá que você é a pessoa com a qual mais conversa o tempo todo. Não entre em pânico nem em depressão. Seja forte!
Agora, não seja estúpido de ir fazer caminhadas, corridas, exercícios porque se todos pensarem assim as pistas ficaram lotadas e vocês serão hospedeiros fáceis do vírus e aí, amigo, não é só sua vida que você está colocando em risco, mas a de pessoas que estão fazendo a parte delas. Qual a dificuldade de entender que se você pode e deve ficar em casa, você tem de ficar é em casa?!? Para quem não gosta de livros, tem rádio TV e etc., mas quem sabe agora, quem nunca pegou num livro para ler, pode vir a ser salvo por este gesto???
A crise vai passar. Espero que este momento, em que a pandemia nos obriga a refletir sobre a importância de educar e permitir que sejamos educados deixe um bom legado, e que possamos seguir nos educando e aceitando a educação que a vida nos oferece gratuitamente.
Quanto ao ensino escolar e dos livros didáticos, quanto às idas ao shopping, às academias , parques e espaços públicos, bem, tudo isto volta já e, até que outro vírus exponha a irracionalidade humana, que insiste em desafiar regras básicas como higiene pessoal, higiene de casa e das ruas das cidades e, também, em negligenciar a solidariedade com o próximo ao desobedecer as recomendações dos especialistas que pensam na saúde e segurança de toda a sociedade. Pode ser muito mais que isto? Pode! Mas, se este é o paliativo que resolve o problema do momento, então, mesmo sem podermos dar as mãos podemos oferecer nossa compreensão e atitude como um pedacinho que unido a todos os outros pedacinhos de cooperação, contribuirá para o bem de todos.
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