DR JUDIVAN VIEIRA

O PROCESSO DE EDUCAÇÃO E ENSINO NA IDADE MODERNA: O Renascimento e sua influência no processo educativo e de ensino (Parte 7)

Direto de Brasília-DF.

Você, por certo, já percebeu minha insistência em dizer que o Humanismo já estava presente nas discussões do filósofos clássicos gregos. Saiba que pensando assim compreenderá melhor os termos “Renascença, Renascimento”, que dão nome a este movimento da Idade Moderna.

O fato é que na Renascença ocorre um resgate de valores e pensamentos antigos sobre o Homem, a Humanidade e seu Humanismo, como característica própria e suficiente para que possa viver em sociedade e nela prosperar, inclusive, independente das vontades dos muitos deuses que habitavam e seguem habitando o imaginário humano.

Desde Aristóteles em seu livro “Política”, a tentativa consciente e inconsciente de explicar o ser humano à partir da razão (seu próprio intelecto) e do método crítico-lógico, aponta para uma sociedade de humanos na qual esse “humanismo” racional o leva a ser quem ele é, quer do ponto de vista de sua individualidade quer como membro de uma sociedade civil. Eis porque entender o conceito de “sociedade civil”, da qual extraímos conceitos como cidade, cidadania, cidadão, civil, civilismo é tão importante.

Em excelente artigo publicado no portal francês “Universalis.fr”, há um resumo semântico e histórico sobre o que é uma sociedade civil. Abaixo segue um trecho para quem gosta de “faíscas” de curiosidade:

“Como aponta Dominique Colas, a primeira ocorrência histórica da sociedade civil apareceu no século IV aC, em Aristóteles, na política. A koinônia politikè grega (comunidade política) e sua tradução para o latim, societas civilis, darão origem à nossa expressão. Já em Aristóteles, a sociedade civil / comunidade política funciona em oposição a outros tipos de comunidade (a família, o povo). Trata-se aqui de definir a forma mais alta de organização, a que cumpre plenamente a natureza social e política do homem. A avaliação é, portanto, muito clara. A partir daí, e através de um conjunto complexo de transmissões e traduções, o termo evolui na topografia de sucessivos sistemas conceituais. Assim, em Santo Agostinho, a sociedade civil se distingue da cidade de Deus: a terrestre, separada da celestial, está subordinada a ela, sem, no entanto, questionar sua própria existência. Por outro lado, entre os teóricos contratuais que se seguiram (Hobbes, Rousseau), o civil não se opunha mais ao celeste, mas ao “natural”. A sociedade civil representa então, como comunidade organizada, a saída do estado de natureza. Nesse sentido, a sociedade civil e o Estado são idênticos. Contrariamente à crença popular, essas duas entidades não são, portanto, distintas desde o início do pensamento político ocidental.

Se, exceto o caso específico dos primeiros economistas liberais (Adam Smith, Bernard de Mandeville), teremos que esperar até o início do século 19 e Hegel para encontrar uma conceitualização sistemática dessa divisão, que se tornará central para a reflexão política moderna. Como sabemos, essa distinção está no cerne do sistema filosófico hegeliano: a sociedade civil é a esfera do privado, do particular, das trocas de trabalho e econômicas, diferenciadas do Estado, ele próprio entendido como o lugar do universal e do geral.”(https://www.universalis.fr/encyclopedie/societe-civile/1-histoire/. Acesso em 7.03.2020)

Impossível não amar a semântica e a História, não é mesmo?!? Agora que compreendemos melhor a origem do termo “sociedade civil”, podemos entender sua relação com o termo Humanismo e com suas variações temporais.

Agora sei que quando você ler sobre “humanismo cívico” compreenderá que o processo de educação e ensino desse período deseja formar o homem para servir bem à cidade e ao Príncipe que domina sobre ela e seus súditos.

Até breve!

Sobre o autor

Formado em Direito, Pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad Del Museu Social Argentino, Buenos Aires-AR, em 2012 e Pós-Doutorado em Tradição Civilística e Direito Comparado pela Universidade de Roma Tor Vergata. Professor de Hermenêutica Jurídica e Direito Penal nas Faculdades Integradas do Planalto Central e de Direito Penal, Processo Penal e Administrativo em cursos preparatórios para concursos, por 19 anos, em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre. É Palestrante. Já proferiu palestras na Universidade de Vigo-Espanha e Universidade do Minho, Braga-Portugal, sobre seu livro e, Ciências Sociais "A mulher e sua luta épica contra o machismo". Proferiu palestra na University of Columbia em NYC-US, sobre sua Enciclopédia Corruption in the World, traduzida ao inglês e lançada pela editora AUTHORHOUSE em novembro/2018 nos EUA. É Escritor com mais de 15 livros jurídicos, sociais e literários. Está publicado em 4 idiomas: português, espanhol, inglês e francês. Premiado pelo The International Latino Book Awars-ILBA em 2013 pelo romance de ficção e espionagem “O gestor, o político e o ladrão” e em 2018 mais dois livros: A novela satírica, Sivirino com “I” e o Deus da Pedra do Navio e o livro de autodesenvolvimento “Obstinação – O lema dos que vencem”, com premiação em Los Angeles/EUA. Seu livro de poemas “Rasgos no véu da solidão”, em tradução bilíngue português/francês foi lançado em junho/2018 na França. Eleito em 17/11/2018 para o triênio 2019/2021, Diretor Jurídico do SINDESCRITORES (Sindicato dos Escritores do Distrito Federal), o primeiro e mais antigo Sindicato de Escritores do Brasil.

Judivan J. Vieira
Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney
Escritor/Writer - Awarded/Premiado by ILBA
Palestrante/Speaker/Conferenciante

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