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O PROCESSO DE EDUCAÇÃO E ENSINO NA ANTIGUIDADE. EPISÓDIO DE HOJE: A Idade Média e o Feudalismo (Parte 3).

Direto de Brasília-DF.

A civilização latino-cristã de Carlos Magno, o rei dos povos Francos

Os Francos, uma das tribos germânicas mais decisivas para a queda do Império Romano, redesenharam a Europa.

Desde as invasões que iniciaram no século III, os bárbaros lutavam para conquistar os territórios romanos. Dentre as tribos bárbaras foram os povos francos que, definitivamente, sacramentaram esse desiderato, inclusive, incorporando inúmeros povos como: saxões, romanos, alemães e avaros. Esta congregação de tribos e povos tornaria a Europa no que hoje conhecemos dela em termos geopolíticos.

Nessa sequência histórica que traçamos para dar melhor compreensão à evolução do processo de educação e ensino, importa também saber que o rei Carlos Magno fundador do “Sacro Santo Império Romano” foi antecedido por Pipino III e sucedido por Ludovico Pio(Luis I).

Carlos Magno ascendeu ao poder em 768 já com a decisão de fazer de todos os seus governados, “o povo de Deus”, algo parecido com o que pretende o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Sua paixão pelo conhecimento científico e literário, entretanto, fizeram dele uma das melhores “notícias” para o processo de educação e de ensino durante toda a Idade Média.

Eis oito princípios queCarlos Magno decretou para o fortalecimento de sua nova civilização latino-cristã:

1 – O retorno da alfabetização do povo;

2 – Valorização e concessão de medalhas aos melhores professores;

3 – Criação de Escolas “Palacianas” não mais somente para os filhos dos ricos. Agora, deveriam alcançar os filhos dos pobres;

4 – Obrigatoriedade de os pais enviarem seus filhos às Escolas para se alfabetizarem nas Escolas de Ensino Elementar, que manda criar em todo o Império;

5 – Determina a fundação de Bibliotecas nas cidades;

6 – Como já existiam Escolas Monásticas(fundadas por monastérios) e Escolas Catedralícias (fundadas nas CATEDRAIS CATÓLICAS), determina a fundação de Bibliotecas em todas elas;

7 – O currículo deve ser formado por: Gramática Latina, Retórica, Dialética Ciceroniana, Apologética ou defesa da fé, História da Doutrina Eclesiástica;

8 – A distribuição de bolsas de estudo com aporte financeiro para alunos que desejassem aprofundar a pesquisa nas sete artes do ensino de então.

Carlos Magno amava profundamente o conhecimento e para si contratava os melhores professores de retórica, história, astronomia e do que mais interessava a ele aprender. Havia outra virtude no rei. Ele tinha o desejo de compartilhar o conhecimento com seu povo, pois sentia que uma Nação educada tinha mais capacidade de prosperar sustentavelmente. Alguns historiadores creem que aí residia o sucesso de seu governo.

Para ele a porta de entrada do êxito estava no saber advindo dos livros e manuscritos. Por isto fez com que seus Ministros, especialmente um chamado Alcuíno de York, seu professor de Retórica, Dicção e Astronomia, buscassem manuscritos por todo o Império para arquivá-los nas Bibliotecas que mandou fundar. Bibliotecas que ele abastecia com livros e manuscritos e abria as portas ao povo. Por óbvio que ninguém por forçar outrem a aprender, pois a vontade, o querer depende de cada uma, mas, ao menos as ferramentas estavam postas à disposição de quem quisesse.

Seu reinado, sob o ponto de vista teológico, seguia permeado pelo eterno dilema dos dois mundos com o qual a maioria das religiões formata e possui a mente das pessoas. De um lado “a vida pecaminosa na Terra”,  em que o conhecimento humano adquirido deve servir apenas como um meio para alcance do conhecimento sobre Deus, que é o conhecimento final.

De outro lado o viver temporário no “corpo” visto como uma espécie de império da carnalidade e de desejos impuros, razão porque as penitências, jejuns e sacrifícios outros devem contribuir para neutralizar as forças do “pecado” e elevar o ser humano a uma vida “espiritual” que agrade a seu deus.

Essa dicotomia compunha o processo educativo e de ensino no reinado de Carlos Magno, apesar de seu amor pela ciência. Aliás, essa mesma dicotomia segue ditando as regras na maioria das religiões de hoje.

Carlos Magno entendia que não havia razão para separar a esfera secular da religiosa, pois, em alguma medida, como pensara Santo Agostinho, todo conhecimento adquirido deveria ser um meio para se chegar à revelação final de que Deus a tudo criara para seu louvor.

Em princípio o pensar de Carlos Magno parece negar o princípio aristotélico do Terceiro Excluído que diz que uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo. Mas, aos poucos, sua mente extraordinária, revelou-se também progressiva e ele ao invés de censurar a ciência, por medo que ela destruisse a fé, a fomentou em todo seu reinado. Seu amor pelas ciências serviriam de base para uma reforma significativa no  processo de educação e ensino, conforme seguiremos demonstrando nos próximos episódios.

Até breve!

Sobre o autor

Formado em Direito, Pós-graduado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e pela Universidade de Brasília (UnB). Concluiu Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais na Universidad Del Museu Social Argentino, Buenos Aires-AR, em 2012 e Pós-Doutorado em Tradição Civilística e Direito Comparado pela Universidade de Roma Tor Vergata. Professor de Hermenêutica Jurídica e Direito Penal nas Faculdades Integradas do Planalto Central e de Direito Penal, Processo Penal e Administrativo em cursos preparatórios para concursos, por 19 anos, em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte e Porto Alegre. É Palestrante. Já proferiu palestras na Universidade de Vigo-Espanha e Universidade do Minho, Braga-Portugal, sobre seu livro e, Ciências Sociais "A mulher e sua luta épica contra o machismo". Proferiu palestra na University of Columbia em NYC-US, sobre sua Enciclopédia Corruption in the World, traduzida ao inglês e lançada pela editora AUTHORHOUSE em novembro/2018 nos EUA. É Escritor com mais de 15 livros jurídicos, sociais e literários. Está publicado em 4 idiomas: português, espanhol, inglês e francês. Premiado pelo The International Latino Book Awars-ILBA em 2013 pelo romance de ficção e espionagem “O gestor, o político e o ladrão” e em 2018 mais dois livros: A novela satírica, Sivirino com “I” e o Deus da Pedra do Navio e o livro de autodesenvolvimento “Obstinação – O lema dos que vencem”, com premiação em Los Angeles/EUA. Seu livro de poemas “Rasgos no véu da solidão”, em tradução bilíngue português/francês foi lançado em junho/2018 na França. Eleito em 17/11/2018 para o triênio 2019/2021, Diretor Jurídico do SINDESCRITORES (Sindicato dos Escritores do Distrito Federal), o primeiro e mais antigo Sindicato de Escritores do Brasil.

Judivan J. Vieira
Procurador Federal/Fiscal Federal/Federal Attorney
Escritor/Writer - Awarded/Premiado by ILBA
Palestrante/Speaker/Conferenciante

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