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VAMPIRO DO CORDEL – O CAÇADOR DE ASSOMBRAÇÃO

LITERATURA ASSOMBRADA

Por: Jadson d´Pádua

Pernambuco, em especial o Recife, tem forte ligação com a temática assombração, fazendo parecer que abordagens com outras temáticas não gozam de prestígio para os leitores. Papa-figo, lobisomem e diversas assombrações de mulheres, principalmente loiras, as famosa galegas assombrosas, gozam de status de personagens mal-assombrados em todo o Estado de Pernambuco.       

Em 1955, Gilberto Freyre publica Assombrações do Recife Velho, obra que reúne 27 histórias de várias assombrações. Com refino literário, o mestre de Apipucos escreveu sobre esses seres do mundo sobrenatural que permeiam as histórias do imaginário dos recifenses.

Já imaginou um personagem que é chamado para uma jornada cuja missão é caçar assombração? Pois é. Ele existe. Chama-se Vampiro do Cordel – Caçador de Assombração. Nascido em uma banca de feira em Cabrobó, o anêmico Jandir, depois de muitas perdas na vida, é escolhido pela Assombração Sertaneja para deixar a cidade em que vive e se transformar em um personagem que perseguirá todos aqueles que fazem mal à sociedade.

Depois de chegar a Caruaru, Jandir, após forte crise de anemia, entra no folheto ‘As Aventuras do Vampiro do Cordel‘ e passa a viver sua realidade dentro do universo fantástico da literatura popular. Faz seus primeiros ataques às pessoas desonestas do Agreste e que comentem crimes contra a população. Meses depois, Jandir deixa de ser o Vampiro do Cordel e volta à realidade pernambucana, despertando na BR 232, nas proximidades do Moreno.

Decide ir para o Recife, onde tem uma nova crise anêmica e é salvo por um cordelista que o coloca em um folheto onde viverá de forma definitiva dentro da literatura popular. A partir daquele instante, o Vampiro do Cordel se torna o Caçador de Assombração e enfrenta uma dezena de assombrações em 10 cidades diferentes de Pernambuco. 

Cidades e suas assombrações que o Vampiro do Cordel tem que combater: 

Recife: Perna Cabeluda

Jaboatão dos Guararapes: Lobisomem

Catende: A Mulher da Sombrinha

Paulista: O Palhaço do Coqueiro

Caruaru: Galega da Cadisa

Pesqueira: Galega do Banheiro

Garanhuns: Papa-figo

Timbaúba: Comadre Fulozinha

Petrolina: Nego D’água 

Fernando de Noronha: Alamoa 

Na trama apresentada pelo autor, as assombrações causam pânico social e prejuízo econômico nas cidades, deixando-as parcialmente destruídas e o poder público em polvorosa. A questão é que as prefeituras, o Estado de Pernambuco e a polícia apresentam soluções ineficientes para combater as assombrações. O Vampiro do Cordel fica sabendo dos ataques e parte para domar os mal-assombros e findar com o caos.   

 Em meio às fakes news, o livro As Aventuras do Vampiro do Cordel não foca em gêneros como suspense ou terror, debanda para o grotesco, burlesco, fazendo a trama enveredar pelo pitoresco de cada história para evidenciar o lado do deboche barato e frágil das nossas relações sociopolíticas. Longe de estar preocupado em grandes estruturas narrativas ou lições moralizantes, Adriano Marcena se preocupa, apenas, em colocar os imaginários em confronto.  

O personagem Vampiro do Cordel – Caçador de Assombração teve sua primeira aparição em 2018, no livro ‘As Aventuras do Vampiro do Cordel – Contos hilários e relativamente assombrativos’, incentivado pelo Funcultura. 

Adriano Marcena é historiador, dramaturgo e escritor. 

Sobre o autor

A oposição é necessária para avaliar a gestão, mas é importante distinguir entre oposição legítima e politicagem, que busca causar problemas e confundir a população. É preciso ficar atento para não cair nesse jogo manipulador.

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