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Prédios públicos devem R$ 41,6 milhões à Compesa e governo pede reajuste, alerta Priscila Krause

A deputada estadual Priscila Krause (DEM) apelou, na tribuna da Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe), na sessão desta terça-feira (30), para que o governo de Pernambuco desista do processo de revisão tarifária solicitada pela sua principal estatal, a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), enquanto a própria administração estadual não encontrar condições de bancar as contas de água e esgoto dos seus prédios públicos, um débito que soma R$ 41,6 milhões. A solicitação da Companhia foi enviada à Agência de Regulação de Pernambuco (Arpe) em 22 de janeiro de 2019 através de ofício protocolando “proposição de reposicionamento tarifário de 17,66%”, assinado pelo diretor de Articulação e Meio Ambiente da Companhia, José Aldo dos Santos.

Equipamentos públicos como sedes de secretarias, autarquias, atendimento ao público, escolas, batalhões, quartéis, hospitais, unidades prisionais e espaços de grandes eventos tem recebido o serviço da Compesa mesmo sem que as faturas sejam pagas. A sede do Poder Executivo, o Palácio do Campo das Princesas, tem penduradas cinco contas – julho e agosto de 2017, julho, agosto e setembro de 2018 -, totalizando R$ 64,4 mil em valores não atualizados.

De acordo com a parlamentar, a inadimplência é um dos elementos que justificam possível aumento da tarifa pública. Quando as dívidas são do próprio governo – acionário majoritário da Companhia –, no entanto, não faz sentido que pressionem um reajuste. Para Priscila, a relação entre a gestão Paulo Câmara com a Companhia lembra uma empresa familiar mal administrada, quando os próprios donos consomem e não pagam. “Uma empresa familiar quebra quando os donos usufruem da empresa e não pagam. Mas a Compesa não é uma empresa familiar, é uma empresa do povo pernambucano”, registrou.

No discurso, Priscila informou que tem acompanhado o processo de revisão tarifária, previsto para ser anunciado pela Arpe nos próximos dias. “Estava previsto para o dia onze de abril, não saiu, mas está tramitando. E aí o consumidor vai pagar a conta duas vezes. A conta de uma revisão tarifária de um serviço muito aquém do desejado e a conta do próprio governo do Estado, que não paga suas obrigações. O funcionamento dos serviços públicos já é custeado pelo cidadão através dos impostos, mas no caso da conta de água e esgoto dos prédios públicos, vai se pagar duas vezes”, acrescentou.

Do ponto de vista administrativo, além do Palácio também podem ser exemplificadas as faturas não pagas da própria sede da Secretaria da Fazenda, na Rua Imperial (Recife|), que deve 48,0 mil, a Secretaria de Administração (Pina), também na capital, com dívida no valor de R$ 42,4 mil e o Instituto de Recursos Humanos, no Derby, com contas penduradas num total de R$ 159 mil. Na lista de todos os prédios públicos, destacam-se as dívidas do Hospital da Restauração (R$ 2,28 milhões), Hospital Otávio de Freitas (R$ 2,01 milhões), Complexo Prisional do Curado (R$ 1,56 milhão), Quartel do Derby (R$ 682,6 mil), Cotel (R$ 598,4 mil), Centro de Convenções (R$ 546,8 mil), Hospital Regional do Agreste (R$ 425,2 mil) e Arena Pernambuco (R$ 224,5 mil).

Ainda segundo Priscila Krause, a inadimplência do controlador da Compesa, que é o governo de Pernambuco, vai de encontro ao que prevê a Lei das Estatais, visto que não é permitido que sejam praticado diferentes modelos de relacionamento com os clientes, sejam eles vinculados à própria administração estadual ou iniciativa privadas (residências e empresas). O regulamento geral do fornecimento de água e esgoto da Compesa estabelece que pode haver corte do fornecimento de água aos imóveis cuja conta não tenha sido paga num prazo de sessenta dias. Os devedores, que poderão ser inscritos no Serasa, ficam sujeitos a atualização monetária (IPCA), multa de 2% sob o valor total da conta, além de 1% de juro de mora por mês ou fração.  “A partir do momento que a Compesa não utiliza essas regras na relação com o próprio governo, ela cria a possibilidade do governo deixar de honrar com os pagamentos, formalizando um tratamento distinto daquele estabelecido com os demais clientes. É claro que não se imagina cortar água de hospitais, mas é preciso honrar com os pagamentos, como se honra com a companhia de energia. No caso dos prédios administrativos, aí é que as regras devem ser seguidas”, explicou.

Em maio de 2017, Priscila Krause também levantou a situação da dívida entre o governo de Pernambuco e a Companhia. Naquela época, a dívida de R$ 62 milhões foi negociada através do pagamento de dividendos (Juros Sobre Capital Próprio), que tradicionalmente não eram repassados aos cofres da Fazenda estadual, sendo reinvestidos nas obras e serviços sob realização da própria Compesa.

Contas em aberto água e esgoto dos prédios públicos: R$ 41,76 milhões

Exemplos:

PRÉDIO PÚBLICO

DÍVIDA

OBSERVAÇÃO

Palácio das Princesas

R$ 64,37 mil

07 e08/17 – 07,08,09/18

Escola Técnica Miguel Arraes (Timbaúba)

R$ 28,53 mil

Desde maio de 2018

Escola Técnica Cícero Dias (BVG – Recife)

R$ 90,12 mil

Desde maio de 2018

Conservatório Pernambucano de Música

R$ 20,41 mil

Desde abril de 2018

Instituto de Criminalística

R$ 52,40 mil

Desde julho de 2018

Secretaria de Transportes de Pernambuco

R$ 11,64 mil

Desde agosto de 2018 e janeiro de 2017

CASE Cabo de Santo Agostinho

R$ 529,39 mil

Desde julho de 2018

CASE Cabo de Santo Agostinho

R$ 166,28 mil

Desde julho de 2018

Secretaria de Administração (Pina)

R$ 42,38 mil

Desde abril de 2018 e dezembro de 2017

Procuradoria Geral do Estado

R$ 8,99 mil

Desde julho de 2018

IRH

R$ 158,72 mil

Desde julho de 2017

Centro de Convenções

R$ 546,84 mil

Desde julho de 2018

Arena Pernambuco

R$ 224,48 mil

Desde junho de 2018

Instituto de Identificação Tavares Buril

R$ 14,0 mil

Desde julho de 2018

Instituto de Medicina Legal

R$ 44,96 mil

Desde julho de 2018

Secretaria da Controladoria Geral do Estado

R$ 38,63 mil

Desde março de 2018 e julho de 2017

Secretaria da Fazenda (Rua do Imperador)

R$ 48,02 mil

Desde julho de 2018

Centro de Monitoramento Eletrônico de Reeducandos

R$ 48,95 mil

Desde julho de 2018

Universidade de Pernambuco – Reitoria

R$ 27,75 mil

Desde março de 2018

Vice-Governadoria

R$ 59,41 mil

Desde julho de 2018

Secretaria de Defesa Social de Pernambuco

R$ 40,0 mil

Desde julho de 2018

Hospital Correia Picanço

R$ 338,23 mil

Desde abril de 2018

Hospital Getúlio Vargas

R$ 1,33 milhão

Desde abril de 2018

Secretaria de Saúde – Garanhuns

R$ 189,98 mil

Desde abril de 2018

Hospital da Restauração

R$ 2,28 milhões

Desde abril de 2018

Hospital Otávio de Freitas

R$ 2,01 milhões

Desde abril de 2018

Hospital Regional do Agreste

R$ 425,17 mil

Desde abril de 2018

Quartel do Derby

R$ 682,6 mil

Desde julho de 2018

Cotel

R$ 598,4 mil

Desde julho de 2018

Presídio Frei Damião de Bozzano (Curado)

R$ 1,56 milhão

Desde julho de 2018

Hospital Dom Moura (Garanhuns)

R$ 189,8 mil

Desde abril de 2018

Por: Manoel Medeiros Neto

Sobre o autor

A oposição é necessária para avaliar a gestão, mas é importante distinguir entre oposição legítima e politicagem, que busca causar problemas e confundir a população. É preciso ficar atento para não cair nesse jogo manipulador.

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