Até o encerramento de suas atividades, o Festival, realizado pela Prefeitura do Recife desde o último dia 18, apresenta mais quatro espetáculos locais e três produções nacionais inéditas. Um deles é O que só Passarinho Entende, da catarinense Cia Cobaia Cênica, que sobe hoje (22) ao palco do Teatro de Santa Isabel
O Recife terá mais um fim de semana cênico. De hoje (22) até domingo (25), o 20º Festival Recife do Teatro Nacional, promovido pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, apresentará outros sete espetáculos nos palcos da cidade, entre produções locais e nacionais, três delas inéditas no Recife.
Hoje, o Teatro de Santa Isabel recebe, às 20h, a Cia Cobaia Cênica, de Santa Catarina, que estreia na cidade o espetáculo O que só Passarinho Entende, indicado para todos os públicos. Verdadeiro libelo à preservação ambiental, a peça é um solo do ator (pernambucano!) Samuel Paes de Luna e trata da relação de um homem, natural do Vale do Jequitinhonha, com a terra que o sustenta. De maneira lúdica e poética, o personagem tenta convencer a plateia de que a maior de suas virtudes é manter os pés bem fincados na terra, em permanente contato e perfeita harmonia com a natureza.
Também às 20h, será apresentado mais uma vez o fabuloso Teatro La Independencia, do grupo baiano OCO Teatro Laboratório, questionando os limites da arte e de cada artista na peleja entre realidade e utopia, necessidade e desejo. Itinerante, o espetáculo convida o público a passear pelas instalações do Luiz Mendonça e por muitos enredos costurados dentro da história, vivida por um grupo de teatro às voltas para decidir entre vender ou não sua sede histórica para um grande empreendimento. O texto é de Paulo Atto e a direção, de Luis Afonso, que também assina o cenário. Os figurinos são de Agamenon Abreu. Fazem parte do elenco: Evelin Buchegger, Rafael Magalhães, Uerla Cardoso, Caio Rodrigo, Evana Jeyssan e Daniel Farias.
Até o próximo domingo (25), serão apresentadas ainda outras duas produções nacionais e inéditas na cidade: LTDA., do Coletivo Ponto Zero, do Rio de Janeiro; e A Gaiola, da também carioca Camaleão Produções Culturais e LTDA.
De Pernambuco, integram a programação também: Próxima, solo da atriz Cira Ramos; Em Nome do Desejo, da Galharufas Produções; Espera o Outono, Alice, do Amaré Grupo de Teatro; e Pro(Fé)Ta – O Bispo do Povo, do Coletivo Grão Comum.
Os ingressos custam R$ 10 (R$ 5 para estudantes) e serão vendidos nas bilheterias de cada teatro, a partir das 16h.
Terceira noite – Além do Teatro La Independencia, no Luiz Mendonça, foi apresentado ontem o espetáculo Ligações Perigosas, do grupo pernambucano Teatro de Fronteira. Dirigida por João Denys Araújo Leite, a peça se debruça sobre os jogos emocionais de um intrincado polígono amoroso-sexual-teatral.
Trata-se da história da Marquesa Merteuil e do Visconde de Valmont, aristocratas franceses com vidas sexuais agitadas que, além de se envolverem, iniciam um jogo de conquista com uma beata casada e com uma noviça. A produção conta com Rafael Almeida e Rodrigo Dourado no elenco; figurinos, adereços e maquiagem de Marcondes Lima; e design de luz de João Guilherme de Paula.
De acordo com o engenheiro eletricista Renan Torres, 28 anos, Ligações Perigosas surpreendeu positivamente: “eu não conhecia a peça, meu amigo avisou hoje sobre esse espetáculo, então eu vim e gostei muito da versatilidade dos dois atores em cena. Tenho aproveitado ao máximo o Festival Recife do Teatro Nacional”.
Para a administradora Ana Medeiros, 44 anos, a atuação dos artistas foi excelente. “Eles trocam de personagens rapidamente, a peça foi fantástica. Espero aproveitar mais o Festival até o fim da semana”, avaliou ela. Já para a estudante Janis Galdino, 25 anos, o que tem chamado a atenção em relação ao Festival, são os preços dos ingressos. “O valor está muito acessível, gostei muito e pretendo assistir mais peças até domingo”, contou.
Confira a programação dos próximos dias:
20º Festival Recife do Teatro
TEATRO LA INDEPENDENCIA
OCO Teatro Laboratório (BA)
Dias 21 e 22, às 20h
Local: Teatro Luiz Mendonça
Duração: 100 minutos
Indicado para maiores de 16 anos
O Teatro La Independencia está sendo vendido para um empreendimento e o grupo que reside nele terá que concordar em abandonar o espaço ou permitir que sejam relocados num outro. No meio disso, os atores estão ensaiando o novo espetáculo que fala sobre América Latina. O espetáculo transita entre a realidade que se impõe e as nossas utopias, sonhos, desejos, tendo a também utópica América Latina como cenário. O que é ser latino-americano? Vendemos ou não vendemos La Independência? Eis a questão! É um espetáculo para atravessar diversas sensações, uma sutura em uma ferida que se abre constantemente, transita pela dor de existir em um tempo de ruínas e pela felicidade de – ainda neste tempo – persistir sonhando.
Ficha Técnica
Texto: Paulo Atto
Concepção e Direção: Luis Alonso
Direção Musical: Luciano Bahia
Elenco: Evelin Buchegger, Rafael Magalhães, Uerla Cardoso, Caio Rodrigo, Evana Jeyssan e Daniel Farias
Figurinos e Adereços: Agamenon Abreu
Cenário: Luis Alonso
Cenotécnica: Agnaldo Queiroz
Iluminação: Rita Lago
Produção: Rafael Magalhães
Realização: Oco Teatro Laboratório
O QUE SÓ PASSARINHO ENTENDE
Cia Cobaia Cênica (SC)
Dia 22, às 20h
Local: Teatro de Santa Isabel
Duração: 70 minutos
Livre para todos os públicos
No espetáculo solo, o ator pernambucano Samuel Paes de Luna conta a história de uma personagem que vive no Vale do Jequitinhonha, no interior do estado de Minas Gerais, mesclando a vida real com memórias de sua própria história em sua terra natal. De maneira lúdica e poética, defende que o real valor e beleza de sua existência estão no conhecimento empírico, diretamente ligado à natureza.
Ficha Técnica
Direção: Thiago Becker
Texto: Agatha Duarte
Conto Totonha: Marcelino Freire
Atuação: Samuel Paes de Luna
Trilha: Rodrigo Fronza
Produção: Cia Cobaia Cênica
PRÓXIMA
Cira Ramos (PE)
Dia 23, às 19h
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Duração: 60 minutos
Indicado para maiores de 14 anos
O espetáculo solo sugere um umbral, onde o tempo é inexorável, para próximas etapas e próximos desafios na vida extenuante da mulher contemporânea. Pressionada por todos os lados, numa espiral de sentimentos, travando batalhas com as memórias, dúvidas e incertezas, ora nos faz rir, ora nos incomoda, quando espelho, mas, sobretudo, nos faz refletir sobre o lugar que queremos ocupar como artista, como mulher, como ser humano.
Ficha Técnica
Texto e Atuação: Cira Ramos
Encenação: Sandra Possani
Assistente de Direção: Marcelino Dias
Direção de Arte: Séphora Silva
Direção Musical e Sonoplastia: Fernando Lobo
Designer de Luz e Operação: Dado Sodi
Operação de sonoplastia e de projeção: Júnior Melo
Atriz/Contrarregra/guitarra: Amanda Spacca
Realização: Cira Ramos
EM NOME DO DESEJO
Galharufas Produções (PE)
Dia 23, às 19h
Local: Teatro Barreto Júnior
Duração: 100 minutos
Indicado para maiores de 16 anos
No meio de uma séria crise pessoal, um homem de meia idade volta para o antigo seminário onde estudara. Recorda-se do momento mais crucial de sua adolescência, trinta anos atrás, quando viveu o grande amor de sua vida. Mescla os planos do passado e do presente, que se interpenetram, com o personagem já maduro invadindo a cena e até dialogando com o adolescente, em suas lembranças. Num terceiro plano, a figura da mística Santa Teresa de Ávila comenta e impulsiona a cena, com seus poemas de amor.
Ficha Técnica
Texto: João Silvério Trevisan
Adaptação do Romance: Antonio Cadengue e João Silvério Trevisan
Elenco: Taveira Júnior, Edinaldo Ribeiro, Miguel Taveira, Vinicius Barros, Paulo de Pontes, Angelis Nardelli, Tarcísio Vieira, Raul Lima, Adilson Di Carvalho, Ryan Leivas, Rafael de Melo, Gil Paz, Dado Santana, José Lucas, Alexandre Augusto
Encenação e Direção Geral: Antonio Cadengue
Trilha Sonora: Antonio Cadengue
Direção de Arte: Manuel Carlos de Araújo
Iluminação: Augusto Tiburtius
Figurinos e Adereços: Manuel Carlos
Direção Musical: Samuel Lira
Coreografias, Movimentos e Preparação Corporal: Paulo Henrique Ferreira
Cenotécnica: Luiz Mário Veríssimo e Gaguinho
Cenários: Helena Beltrão
Figurinos: Maria Lima
Produção Executiva: Taveira Junior
Realização: Galharufas Produções
A GAIOLA
Camaleão Produções Culturais (RJ)
Dias 24 e 25, às 16h30
Local: Teatro de Santa Isabel
Duração: 50 minutos
Livre para todos os públicos
Baseado no livro infantil de mesmo nome e indicado ao Prêmio Jabuti, no ano de 2014, trata-se de um espetáculo musical inédito, adaptado pela própria Adriana Falcão em parceria com Eduardo Rios, dirigido por Duda Maia, e estrelado pelos atores-cantores Carol Futuro e Pablo Áscoli. Conta a história de um passarinho que cai na varanda de uma menina, e enquanto ela cuida dele, os dois se apaixonam. Quando o passarinho fica curado e eles têm que se despedir, ela resolve aprisioná-lo em uma gaiola. É um espetáculo rico em humor e poesia, que trata de amor, amizade e liberdade.
Ficha Técnica
Adaptação: Adriana Falcão e Eduardo Rios
Direção e Roteiro: Duda Maia
Elenco: Carol Futuro e Pablo Áscoli
Direção Musical e Trilha Original: Ricco Viana
Cenário: João Modé
Iluminação: Renato Machado
Figurino: Flávio Souza
Direção de Produção: Bruno Mariozz
Produção: Palavra Z Produções Culturais
Produção Recife: Iris Macedo (Fervo Projetos)
Idealização: Camaleão Produções Culturais
ESPERA O OUTONO, ALICE
Amaré Grupo de Teatro (PE)
Dia 24, às 19h
Local: Teatro Apolo
Duração: 60 minutos
Indicado para maiores de 14 anos
É uma reflexão sobre as perdas que temos ao longo da vida, as mortes, as saudades, mas também sobre a pulsão de viver que nos habita. No elenco, os atores se revezam em vários personagens e trazem fragmentos não-lineares da vida de Alice, uma garota com vida comum, que decide tomar uma decisão extrema, mudando o rumo de sua vida.
Ficha Técnica
Texto: Analice Croccia, Quiercles Santana e AMARÉ Grupo de Teatro, com trechos de Marla de Queiroz, Pedro Bomba, Carl Sagan, Felipe André
Encenação: Analice Croccia e Quiercles Santana
Elenco: Paulo César Freire, Isabelle Barros, Bruna Justino e Natali Assunção
Iluminação: Natalie Revorêdo
Figurino e Cenografia: Micheli Arantes e Analice Croccia
Narração: Paulo César Freire, Íris Campos e Paulo de Pontes
Pesquisa Musical, produção e realização: AMARÉ Grupo de Teatro
LTDA
Coletivo Ponto Zero (RJ)
Dias 24 e 25, às 20h
Local: Teatro Luiz Mendonça
Duração: 60 minutos
Indicado para maiores de 14 anos
Em um edifício empresarial, uma agência que produz e divulga fake news está à beira de um colapso. A peça busca lançar um olhar sobre a condição humana em tempos de pós-verdade e pós-ética.
Ficha Técnica
Dramaturgia: Diogo Liberano
Direção: Debora Lamm
Elenco: Brisa Rodrigues, Brunna Scavuzzi, Carlos Darzé, Diogo Liberano e Leandro Soares
Participação Especial: Naomi Savage
Direção de Produção: Lucas Lacerda
Direção de Movimento: Denise Stutz
Direção Sonora: Marcello H
Figurino: Ticiana Passos
Visagismo: Josef Chasilew
Desenho de Luz: Ana Luzia de Simoni
Cenário: Debora Lamm
Realização: Coletivo Ponto Zero
PRO(FÉ)TA – O BISPO DO POVO
Coletivo Grão Comum (PE)
Dia 25, às 19h
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Duração: 50 minutos
Livre para todos os públicos
Finalizando o ciclo da pesquisa do Coletivo Grão Comum intitulada Trilogia Vermelha, a encenação começa com a notícia do sequestro e assassinato do padre Henrique, em 1969, recordando o martírio dos corpos trucidados pela Ditadura e, até mesmo, da realidade do povo indigente sobrevivendo na lama do Recife, e, como testemunhou o evangelho, a miséria e suplício do próprio Cristo. A peça mobiliza um cortejo pelas ruas da cidade, conduzindo os espectadores rumo ao teatro, para o sepultamento do corpo trucidado, denunciando a violência que nos aflige ainda hoje, que ainda é ferida aberta, sempre injusta e desumana. A obra celebra o aclamado bispo Dom Hélder Câmara pedindo silêncio e paz, evocando reza forte, questionando a crença e a dimensão da fé guardada nos nossos corações dilacerados de desilusão.
Ficha Técnica
Pesquisa dramatúrgica, encenação e iluminação: Júnior Aguiar
Elenco: Daniel Barros, Júnior Aguiar e Márcio Fecher
Música Original: Geraldo Maia (com Paulo Marcondes, Rodrigo Samico, Públius, Hugo Linnis e Amarelo)
GABINETE DE IMPRENSA