MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AS PERSPECTIVAS FUTURAS DO SETOR ENERGETICO BRASILEIRO – 2050.

Fala-se de mudanças climáticas e a preocupação com a crescente emissão de gases de efeito estufa, conhecidos como GEE na atmosfera.

O Brasil apesar de ter uma das matrizes energéticas mais limpas e renováveis do mundo, em 2019, a geração de eletricidade, emitiu 7% a mais de poluentes na atmosfera comparada com o ano anterior. Se compararmos com o ano de 2014, quando o acionamento das usinas térmicas foi considerável devido ao longevo período seco, essa comparação sobe para 35% maiores que 2019.

O arrefecimento da capacidade de geração de eletricidade a partir do uso da fonte hídrica mais uma vez mostra a  face cruel da vulnerabilidade hídrica do sistema de geração de energia brasileiro. Assentar-se em fontes que de tempos em tempos escasseiam pede o acionamento de um planejamento energético de longo prazo e que preveja esses períodos secos com bastante antecedência sem macular o meio ambiente.

Europa e outros países signatários do Acordo de Paris planejam realizar o que eles denominam, transição energética.  As ações que mitiguem a as emissões de GEE e o cumprimento de não deixar que a temperatura global ultrapasse os 1,5oC compõem o portfolio da transição energética. As iniciativas preveem a flexibilização de seus sistemas energéticos, afim de que possam alcançar metas de sustentabilidade energética.

De acordo com os dados do Relatorio IRENA, as iniciativas estão circunscritas em:

  • Expandir a Eletrificação: Elevar a acessibilidade pelo uso da energia elétrica com base no uso de fontes renováveis com destaque para eólica e sola;
  • Maior flexibilidade do sistema de energia: Condicionar tecnicamente a flexibilização do sistema de energia de modo a adequar-se as oscilações da oferta e da demanda por energia;
  • Fontes renováveis convencionais: Incluir e incentivar a expansão e uso das fontes renováveis de energia com o intuito de reduzir as emissões de poluentes na atmosfera com destaque para os biocombustíveis e gás natural;
  • Uso do Hidrogênio Verde: Incentivar o uso de outras fontes alternativas de energia com baixos impactos ao meio ambiente. No setor de transporte, as baterias também poderão ter um papel relevante, mas terão que disputar mercado, no curto prazo, com os combustíveis e biocombustíveis e, no longo prazo, se alcançada a comercialidade, com o hidrogênio em veículos elétricos a pilha a combustível e
  • Promoção da inovação: estimular o desenvolvimento de processos de inovação em curso que apontem para uma nova revolução industrial (assim chamada indústria 4.0), envolvendo eletrificação, automação, conectividade e renovabilidade/descarbonização.

Tais iniciativas promoverão a concepção de um novo modelo de setor elétrico. Essa urgência em aplacar esse novo  modelo urge da velocidade na qual as mudanças climáticas vem ocorrendo nesse início de século.

No Brasil, o setor elétrico brasileiro emitiu 7% a mais de poluentes na atmosfera. em 2019 comparativamente ao ano anterior. Isso se deve ao maior acionamento de usinas térmicas, que, por outro lado, tiveram o ápice de seu uso no ano de 2014, quando as emissões foram 35% maiores comparadas com o ano de 2019.

Nem toda termoelétrica é nociva ao meio ambiente, porém é importante conceber usinas que degradem menos por meio da emissão de GEE.  As usinas térmicas podem utilizar tanto insumos energéticos limpos e não-renováveis (combustíveis fósseis por exemplo).

Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), a demanda energética mundial até 2024 poderá crescer a uma taxa anual de 2,1% e por isso a necessidade de desenvolvimento de tecnologias energéticas limpas e eficientes.

No entanto, para que esse cenário ocorra, as fontes de energias renováveis, com destaque para solar e eólica, deverão mais do que triplicar frente aos valores que representam atualmente. Segundo o Relatório IRENA, em 2015, as fontes renováveis representavam 24% e não renováveis – gás natural, óleo e carvão – 76% na geração de eletricidade, em TWh/ano. Em 2050, as fontes renováveis deverão representar 85% e as não renováveis cerca de 15%. A flexibilização das matrizes energéticas mundiais deverá ocorrer, e as fontes eólicas e solares deverão representar a espinha dorsal do fornecimento de energia elétrica.

Os ganhos potenciais de expansão das usinas a biomassa seriam, primeiramente abrir mais espaço para o uso de insumos não poluentes e geradoras de energia – a concepção de UTEs à biomassa permite a exploração do potencial energético ainda por explorar no Brasil. Seja pelo uso de resíduos orgânicos, resíduos florestais, biocombustíveis ( utilizam milho, soja, sebo bovino, mamona, semenstes de girassol, etc), liquor negro etc. A UTE à biomassa com o uso de resíduos florestais proporciona a expansão do uso de insumos energéticos abundantes na região Norte do país. O uso energético desse insumo para a geração de eletricidade proporciona redução da emissão de gases de efeito estufa e redução da necessidade de investimentos na construção de outros empreendimentos energéticos no país e que demandem outros combustíveis – gás natural, óleo combustíveis – em novas UTEs.

A instalação de outras UTEs movidas a insumos energéticos poluentes poderia ser evitado se o país tivesse um planejamento energético mais expressivo em utilizar o potencial de biomassa disponível e existente no país. O uso de lixo por exemplo, para geração de eletricidade, o uso de biocombustíveis no segmento de transporte. São exemplos que podem ser citados aqui.

 

PAULA MEYER

Paula Meyer Soares Dentro dessa perspectiva a coluna inaugura mais um espeço para a reflexão no Jornal Pernambuco em Foco acerca dos desafios energéticos e econômicos resultantes das nossas políticas públicas. Serão abordados temas diversos voltados para área de energia, economia e políticas públicas. A coluna será semanal abordando os mais variados temas correlatos à essas áreas sob a ótica da economista e professora Paula Meyer Soares autora e especialista em economia, energia e políticas públicas. Doutora (2002) e Mestre (1994) em Economia de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas – EAESP. Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade de Fortaleza (1990). Membro da Sociedade Brasileira de Planejamento Energético (SBPE

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